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Moçambicano morto nas “mãos” da polícia sul-africana: Daveyton parou em memória de Mido

Milhares de pessoas não só moçambicanas, como também de outras nacionalidades com destaque para os próprios sul-africanos, se juntaram no Sinaba Stadium de Daveyton para render homenagem ao jovem taxista que prematuramente e de forma brutal foi morto por oito policias sul-africanos, depois de arrastado por 400 metros algemado atrás da viatura policial. Aliás, os próprios sul-africanos aderiram a este movimento, solidarizando-se com os moçambicanos como forma de demonstrar a sua insatisfação e revolta contra os maus tratos de que também são vitimas dos compatriotas policias no seu dia-a-dia.

Logo cedo na manhã de quarta-feira percebeu-se que o ambiente seria intenso em torno das cerimónias em memória de Mido Macia. Muitos automobilistas ofereceram as suas viaturas para estampar o panfleto com a foto do finado, com uma mensagem clara de insatisfação contra a actuação da policia que culminou com a morte do taxista. Diferentes associações de taxistas mobilizaram os seus membros para o local e a comunidade moçambicana se fez presente em grande número. Gente de outros pontos da RSA fizeram-se presentes ao estádio local para prestar a sua homenagem ao malogrado e juntar a única voz que repudia a actuação da policia contra o jovem indefeso.

Moçambicano morto nas “mãos” da polícia sul-africana: Daveyton parou em memória de Mido

Graça Machel, Presidente da FDC, Fernando Fazenda, quadros do ANC e da Frelimo, os dois maiores partidos e no Governo em Moçambique e na África do Sul, e demais individualidades e sindicatos estiveram prersentes e fizeram ecoar ainda mais a sua voz de indignação contra a actuação da policia. Aliás, esta indignação fez se ouvir dos mais de dois mil cidadãos que davam corpo ao magestoso estádio de Daveyton, vaiaram e de forma violenta o Coamando local da Policia que foi obrigado a se retirar do recinto quando lá tinha entrado passavam cinco minutos. Era um público incorformado que não queria ouvir algo diferente de discursos que condenassem a actuação da policia. Isso foi notório em nalguns momentos em que as individualidades discursavam, pois eles tratavam imediatamente de gritar “out”, ou melhor, gritavam pela sua retirada do palanque improvisado que havia sido montado no meio do relvado do estádio.

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Mesmo perante apupos, a policia não deixou de fazer o seu trabalho, tendo destacado um contigente considerável para garantir segurança no local. Para além de carros blindados e outra frota de viaturas que transportou os agentes, foram mobilizados para o local cães farejadores e agentes à paisana.

Ainda à chegada da multidão evitou-se um confronto com a policia, visto que eles queriam a todo custo entrar por alguns acessos ao estádio que estavam reservados a figuras convidadas ao evento. Desde a sua entrada até ao término da cerimónia que durou mais de três horas, as pessoas não paravam de cantar, evocando o nome de Mido Macia e repudiando a policia.

Algumas pessoas de forma individual e parte de algumas associações fizeram questão de vestir camisetes com a foto do finado. Outros empunhavam cartazes com a mesma foto e dizeres condenando o tratamento ou a forma como a policia age perante os cidadãos.

O reverendo Moerane, que dirigiu a cerimónia religiosa começou por pedir maior respeito da policia à vida das pessoas não só moçambicanas, mas todos estrangeiros e sul-africanos. Para ele, a policia não pode cultivar a xenofobia, mas sim cuidar dos cidadãos. O ANC e a Frelimo apelaram para que abdiquem deste tipo de actuação e se olhe para os dois povos como irmãos.