Entre muitas queixas, os funcionários apontam insultos, falta de diálogo entre a chefia e massa laboral, corte de alguns benefícios sociais desde que a direcção em causa foi nomeada e ameaças de demissão em caso de reclamação dos direitos dos trabalhadores.
“Desde que a directora ascendeu ao poder, há quase cinco anos, o rumo da instituição mudou. Tirou-nos o direito a chá, café e sopas e manteve estes benefícios para ela e alguns funcionários a ela ligados. Insulta-nos e ameaça-nos despedir quando reclamamos”, disseram os trabalhadores. Contam um episódio que se deu um dia quando uma funcionária, que de repente sentiu um mal-estar, abordou a directora sobre o problema, mas que ela não atendeu à situação.
Os trabalhadores dizem estranhar a atitude da directora porque antes de ela ser indicada para o novo cargo beneficiava dos direitos que hoje tirou aos colegas. “Desde que assumiu o poder até falta-nos material de limpeza”, desabafam os trabalhadores. “Quando escrevemos cartas a pedir autorização para determinados fins como estudar, a directora arquiva os documentos e ficamos sem resposta”, acrescentam.
Para mostrar a sua cada vez mais crescente indignação, os trabalhadores concentraram-se ontem em frente das instalações do CRDS desde às seis horas da manhã, e por cerca de quatro horas, cantando e pedindo a demissão da directora ou a transferência daqueles para outros postos, alegando não haver ambiente saudável para continuarem com a actual direcção.
“Chega, queremos a mudança da directora Judite Madeira”, estas são algumas das frases escritas em cartazes que os trabalhadores empunhavam defronte das instalações.
Os trabalhadores só retomaram a actividade cerca das 10.00 horas de ontem, graças aos apelos do director Nacional de Recursos Humanos e de Formação do Ministério da Saúde (MISAU), Martinho Djedje, solicitado a intervir.
Para acalmar os ânimos, Martinho Djedje reuniu-se com a massa laboral juntamente com a direcção do CRDS para de perto ouvir as suas inquietações. O encontro durou mais de duas horas, mas à saída Martinho Djedje interpelado pelo nosso jornal não se mostrou disponível a falar sobre o assunto.
Entretanto, segundo os trabalhadores, o encontro foi inconclusivo, tendo, como afirmaram, recebido de Djedje promessas de que aquele responsável levaria as suas inquietações ao MISAU e que na segunda-feira voltaria ou delegaria alguém para esclarecimentos.
Por sua vez, a directora do CRDS, Judite Madeira, disse que não estava autorizada a falar à imprensa e que deveríamos contactar o MISAU.
Os Problemas não são novos
As inquietações dos trabalhadores do CRDS não são de hoje. Há dois anos, aqueles funcionários escreveram cartas anónimas para os órgãos de informação onde, entre outros assuntos, denunciavam desvio de fundos da instituição e acusavam a directora Judite Madeira de ter transformado o CRDS em propriedade privada.
No mesmo ano, o MISAU respondeu enviando uma equipa de inspecção para averiguar os alegados roubos, desvio de fundos e gestão não transparente do CRDS.
“Depois da inspecção nada mudou e ninguém nos informou sobre o relatório da inspecção. Tentamos dialogar com a directora e ela não nos quer ouvir. Esta é uma das razões que concorreu para que partíssemos para a paralisação das actividades”, referem os trabalhadores.