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Em Memoria de Mido Macia – “No bail”(não à caução): o grito de luta dos manifestantes na RAS

Por um lado, perigo ao curso normal das investigações, por outro, à sua própria integridade física, uma vez que a comunidade moçambicana em Daveyton e não só continua enfurecida face ao comportamento cruel dos agentes, o que culminou com a morte do nacional.

Quando tudo ficou reservado para o final da tarde e princípio da noite de terça-feira, “no bail” (não à caução) era o que mais se ouvia falar entre centenas de manifestantes que preenchiam a entrada do tribunal e outros milhares que não puderam vir por diversos motivos, mas que acompanhavam o processo de várias formas. Quando o juiz Samuel Makamu disse: “por tudo que foi discutido e analisado, o tribunal decide não atribuir a caução aos nove réus”, a decisão foi efusivamente saudada tanto por aqueles que estavam na sala, assim como pelos que se encontravam no exterior do tribunal e outras partes da África do Sul.

Em Memoria de Mido Macia - “No bail”(não à caução): o grito de luta dos manifestantes na RAS

De imediato, os cânticos ganharam forma. Milhares de manifestantes saíram à rua para demonstrar a sua satisfação pela decisão tomada. Aliás, desde a primeira hora o grupo nunca parou de se manifestar, como forma de exteriorizar que estavam contra qualquer acção que tinha como objectivo libertar os polícias para aguardar julgamento em casa. A vontade foi-lhes feita, tanto mais que o juiz não só reconheceu que os acusados, pela brutalidade cometida e pelo facto de o caso ser inédito na história da justiça de Daveyton, não mereciam sair da cadeia.

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Por várias vezes os três advogados tentaram comparar este caso ao do atleta Óscar Pistorious, que pagou caução, o que prontamente foi recusado pelo juiz. Aliás, o tribunal e o Ministério Público fizeram questão de apontar que a violência dos polícias contra Mido Macia foi anormal e sem razão de ser, uma vez que, pela transgressão ao Código de Estrada que o finado havia cometido, bastava aos agentes passarem-lhe uma multa, o que não aconteceu.

“O ambiente entre a Polícia e a comunidade moçambicana é dos mais tensos neste momento, razão pela qual uma eventual atribuição de caução aos nove acusados seria fatal, ou seja, a ira com que os moçambicanos se apresentam neste momento podia concorrer para casos de linchamento, uma vez que as casas deles são conhecidas e eles não teriam nunca a oportunidade de circular à vontade. Mesmo assim, mantendo-se presos, não vão ficar nas celas de Benoni, mas sim duma região distante, tudo para evitar males maiores não só com a comunidade moçambicana, mas também com os colegas que para este caso foram arrolados como testemunhas” – justificou o juiz.