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Cabo Delgado – Depois da vandalização: Centro de Saúde de Murrébuè reabre ao atendimento público

De acordo com Sãozinha Agostinho, Directora Provincial da Saúde de Cabo Delgado, neste momento, os técnicos que tinham abandonado aquele local, temendo linchamento por parte dos populares revoltosos, já retornaram a Murrébuè e estão a trabalhar plenamente na unidade sanitária onde foi restabelecido o atendimento aos utentes, fenómeno que não se verificava há sensivelmente cerca de dois meses.

A directora provincial revelou que, o sector da Saúde sentia-se incapaz de atender casos de urgência naquela unidade hospitalar dada a vandalização que se seguiu à invasão, por alguns populares ali residentes, que destruíram a tenda que tinha sido montada junto ao Posto de Saúde para atender doentes de cólera. A fonte fez saber que os insurrectos foram mais longe, ao levarem para casa doentes ali internados padecendo de cólera.

“Foram dias muito difíceis para nós porque, para além da tenda, arrombaram as portas do Posto de Saúde e ameaçaram os técnicos ali afectos. Na altura, achamos que não haviam condições para trabalhar, por isso, decidimos encerrar temporariamente o centro. Agora a situação voltou à normalidade e já reabrimos e todos os serviços disponíveis naquele centro estão a funcionar ”- disse a nossa fonte.

A reabertura do centro foi antecedida de um trabalho de sensibilização da população local, uma tarefa que disse não ter sido fácil, o ficou a dever-se, segundo a sua opinião, à colaboração dos líderes comunitários e médicos tradicionais, que tornaram possível chegar em quase todas as residências onde a água foi tratada e exigiram higiene pessoal e colectiva de toda a comunidade ali residente.

Cabo Delgado – Depois da vandalização: Centro de Saúde de Murrébuè reabre ao atendimento público

“Curiosamente, na campanha de sensibilização que fizemos, em Murrébuè, verificamos muita aderência da população; receberam-nos nas suas casas, deixaram-nos tratar a água, conversamos com eles sem problemas, por isso, penso que a pouco e pouco vão acreditando que ninguém distribui a cólera para a população, que muito pelo contrario o governo luta para acabar com o fenómeno de eclosão cíclica desta doença, em Murrébuè e em todos os outros locais”-afirmou Sãozinha Agostinho.

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Entretanto, o sector da Saúde, em Cabo Delgado, considera controlada a situação de cólera que se abatia com violência nos distritos de Mecúfi, Pemba-Metuge e a capital provincial.

De acordo com a respectiva directora, neste momento, o único sítio que regista ainda entrada de doentes é apenas a cidade de Pemba, com uma média diária de quatro pacientes e 10 doentes internados pelo menos até na última terça-feira.

“Neste momento, apenas há 10 doentes internados no Centro de Tratamento de Cólera da cidade de Pemba onde, a média diária, é de quatro pacientes, com uma taxa de letalidade de 0,3 por cento dos 886 casos cumulativos registados desde o inicio da eclosão da cólera. Portanto, já não há nenhum doente internado em Mecufi e Pemba-Metuge e, por isso, consideramos a epidemia da cólera controlada”- disse a directora provincial da Saúde de Cabo Delgado.

Sãozinha Agostinho revelou que, neste momento, o sector que dirige está a promover uma campanha, porta-a-porta, de purificação de água através de “Certeza” tendo sido já abrangidas 13.034 casas. Nesta operação, de acordo com a nossa fonte, foram gastos 14.390 frascos daquele produto, atingidas 3.460 pessoas e tratadas 271, só na cidade de Pemba, um trabalho que deverá ser alargado também para o vizinho distrito de Pemba-Metuge.