Os primeiros dois pontos já haviam sido satisfeitos quando da primeira ameaça de greve em meados de Dezembro, tendo a questão do salário transitado para a fase seguinte das negociações, cujo fracasso ditou o abandono dos serviços por parte deste grupo de médicos há pouco mais de uma semana. O ajustamento salarial segundo apurámos deverá entrar em vigor a partir de Abril próximo.
Em conferência de Imprensa ao fim da manhã de ontem, as duas partes, Ministério da Saúde (MISAU) e AMM, garantiram que as preocupações apresentadas pelos médicos foram cabalmente resolvidas nos encontros conjuntos que vêm se realizando desde a paralisação, pelo que aqueles profissionais voltavam ao trabalho.
O Ministro da Saúde, Alexandre Manguele, disse que “houve um entendimento que abre portas no sentido de todos os médicos regressarem ao trabalho para a satisfação do povo que ficou privado de cuidados de saúde na plenitude”. Acrescentou que as preocupações foram ultrapassadas, devendo avançar-se imediatamente para a normalização da situação nas unidades sanitárias que estavam a funcionar debaixo de uma grande pressão.
Por sua vez, Jorge Arroz, presidente de Direcção da AMM, garantiu que a questão do ajuste salarial era o último ponto que continuava pendente e foi resolvido nas conversações, que suspensas na madrugada de ontem foram retomadas de manhã, terminando com um acordo entre as duas partes.
Questionado sobre os números ou percentagens nos quais os ordenados dos médicos serão ajustados, Arroz escusou-se a entrar em detalhes, explicando que o aumento terá em conta os princípios de equidade e justiça salarial em relação a outros funcionários do Estado.
Nas suas reivindicações, os médicos diziam que os seus salários eram muito baixos comparativamente a outros quadros da Função Pública da mesma categoria ou até em relação a alguns de escalões inferiores.
Durante a greve as unidades sanitárias do país, principalmente os hospitais de referência ressentiram-se parcialmente da ausência dos médicos grevistas, facto que se caracterizou pelo cancelamento de algumas consultas e de tratamento.
A AMM chegou a falar de uma adesão de 90 por cento, facto desmentido pelo MISAU que apontava a não apresentação nos postos de trabalho de uma cifra na ordem de 10 porcento.
O país conta com pouco mais de dois mil médicos, dos quais cerca de 1300 trabalham no serviço público de Saúde.