As autoridades britânicas afirmaram que essas onze pessoas tinham sido mortas, após “terem bebido muita água”. Mas, a verdade é que eles tinham sido batidos até a morte
pelos guardas prisionais, por terem recusado a trabalhar, segundo o resultado das autópsias.
Nenhuma pessoa tinha sido processado por este assunto. Um dos três quenianos que intentou recentemente uma acção contra o governo britânico por abusos, dos quais foram vítimas, assegurou que ele foi espancado durante este incidente ocorrido, a 3 de Março de 1959, em Hola, no sudeste do Quénia.
Segundo os documentos secretos revelados hoje e consultados pela BBC, o governador do Quénia na época, Evelyn Baring, tinha escrito ao governo britânico logo após esse incidente que “as mortes foram causadas pelos choque e hemorragias provocadas por múltiplas contusões causadas pela violência”. “Nenhuma testemunha” do campo “quis tentar dizer a verdade”, acrescentou.
E em Maio de 1959, o ministro britânico das Colónias, Alan Lennox-Boyd, escreveu ao governador do Quénia que “estou certo que estamos de acordo sobre os factos que devemos ter esse incidente infeliz longe dos projectores o mais rapidamente possível”.
Num comunicado, o advogado Martyn Day, que representa os três quenianos que processaram o governo britânico, estima que a luz desses documentos, Londres “não tem outra solução que se sentar na mesa de negociações e procurar um acordo com os sobreviventes Mau-Mau”.
No início de Outubro de 2012, esses três quenianos foram autorizados à intentar um processo judicial em Londres por crimes coloniais cometidos, há mais de 50 anos, durante a repressão da revolta dos Mau-Mau, mas o governo britânico, que alega a prescrição dos factos, recorreu imediatamente.
A repressão brutal da revolta Mau-Mau causou, entre 1952 e 1960, mais de 10.000 mortos. Dezenas de milhares de pessoas tinham sido presas, entre as quais, o avô do presidente americano, Barack Obama.