Dois médicos da Clínica Universidad de Navarra, na Espanha, José Luis del Pozo e Carlos Chaccour, descreveram em artigo na revista “The Lancet”, com outros colegas britânicos, o caso de uma mulher de 28 anos que contraiu malária em Guiné Equatorial e voltou à Espanha para ser atendida ao persistirem os sintomas.
Descobriu-se que a medicação era falsa, pois não continha nenhum princípio activo.
A paciente tinha adquirido pessoalmente o remédio anteriormente em farmácias da Guiné Equatorial, sempre o produto original, mas na última vez foi um guineense quem comprou o medicamento.
“Ainda é necessário provar, mas tudo indica que há um tráfico diferente. Para um ocidental não vendem o (remédio) falsificado para não terem problemas, mas o mesmo não ocorre com os nativos”, afirmaram os médicos Del Pozo e Chaccour.
A mulher apresentou melhora após três dias de tratamento com o remédio original. Logo depois, recebeu alta e os frascos da droga comprada na Guiné Equatorial foram enviados à Escola de Medicina Tropical de Londres para análise.
“Os resultados mostraram que os comprimidos não tinham nenhum princípio activo”, afirma o artigo. Reconheceu ainda que a embalagem “era uma falsificação muito boa” e “muito similar à original”, embora apresentasse erros de grafia.
A malária, presente em 99 países, é transmitida através da picada de um mosquito e anualmente ocorrem 200 milhões de casos, que representam entre 800 mil e 1,6 milhão de mortes (80% apenas em África).
O caso será apresentado num congresso sobre a malária na Basileia entre os dias 10 e 12 de outubro, com a presença dos principais pesquisadores do tema.