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CPLP reforça debate sobre segurança alimentar e integração económica no II Fórum Empresarial

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) enfrenta desafios contínuos em matéria de segurança alimentar e nutricional, mesmo dispondo de condições climáticas favoráveis à produção agrícola.

A preocupação foi manifestada durante o II Fórum Económico Empresarial da CPLP, que decorreu na capital guineense, reunindo empresários dos nove Estados-membros.

Os participantes do encontro realçaram a dependência persistente das importações de produtos alimentares básicos, um fenómeno que tem gerado a necessidade premente de transformação no modelo produtivo e de distribuição. O evento enfatizou o papel fundamental do sector privado na busca de soluções sustentáveis que assegurem a soberania alimentar no espaço lusófono.

As discussões centraram-se na mobilização do tecido empresarial para se envolver nos esforços coordenados pela Estrutura Estratégica de Segurança Alimentar e Nutricional da CPLP (ESAN-CPLP) e pelo Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional, ambas criadas em 2021. Os participantes sublinharam a importância da integração entre recursos naturais, conhecimento técnico e políticas públicas, visando reduzir a vulnerabilidade alimentar da região e fomentar cadeias de valor sustentáveis.

Em entrevista à Agência de Informação de Moçambique (AIM), o empresário moçambicano Salimo Abdula, ex-presidente do Conselho Empresarial da CPLP, salientou que países como Moçambique, Angola, Guiné-Bissau e Guiné Equatorial dispõem de vastas extensões de terra arável, o que os torna cruciais para a segurança alimentar regional. Abdula afirmou que o aumento da população global torna imperativo que os países africanos de língua portuguesa sejam vistos como uma solução viável, dada a sua riqueza em terra e água, assim como a disponibilidade de mão-de-obra jovem, apesar das lacunas tecnológicas que podem ser supridas por Portugal e Brasil.

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O empresário ainda destacou que sectores como o turismo e hidrocarbonetos têm potencial para alavancar a economia lusófona. O sector turístico pode beneficiar do clima e recursos naturais da CPLP, enquanto a exploração de energias pode representar uma fatia significativa da produção global, caso seja realizada com uma estratégia comum.

O ministro da Economia, Plano e Integração Regional da Guiné-Bissau, Soares Sambú, realçou a importância de reduzir barreiras comerciais para aumentar os fluxos de investimento, explorando as sinergias regionais. A sua intervenção frisou a urgência de abrir novas áreas de cooperação e eliminar obstáculos ao comércio, reforçando projectos empresariais concretos nos espaços de integração económica da CPLP.

Representantes do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) aproveitaram a ocasião para apresentar o “Compacto Lusófono de Desenvolvimento”, que visa promover parcerias público-privadas e atrair investimento privado nos países lusófonos africanos, com o apoio de Portugal e Brasil. Contudo, muitos empresários continuam a enfrentar dificuldades no acesso ao financiamento.

O II Fórum Económico Empresarial da CPLP reiterou a necessidade de mobilizar o sector privado para enfrentar os desafios da segurança alimentar, diversificação económica e integração empresarial dentro da comunidade lusófona. O fortalecimento de parcerias e a implementação eficaz de políticas estratégicas foram sublinhados como prioridades a seguir.