Destaque “Chapeiros” praticam especulação nas tarifas de transporte

“Chapeiros” praticam especulação nas tarifas de transporte

Nos últimos dias, os operadores de transportes semi-colectivos de passageiros, conhecidos localmente como “chapeiros”, têm aumentado os preços das viagens e a encurtar as rotas, justificando-se com a ocorrência de manifestações violentas em diversas regiões do país. 

Esta situação tem gerado descontentamento e dificuldades para os utentes, que se veem forçados a esperar longos períodos nos terminais.

Nos terminais de Zimpeto, Magoanine, Praça dos Combatentes, Baixa e Museu, a realidade tem sido a mesma: um número elevado de passageiros à espera de transporte, enquanto os poucos veículos em circulação cobram valores muito superiores aos estipulados por lei. Rute Nhamtumbo, residente em Zimpeto, expressou a sua frustração: “Para chegar à baixa da cidade gastei mais de 100 meticais, quando normalmente pago menos de 50. Não há ‘chapas’ e os preços estão altíssimos.”

Na Praça dos Combatentes, Edson da Rosa, que vive na Polana-Caniço, relatou que os transportes operam agora apenas até à Praça da Organização da Mulher Moçambicana (OMM), cobrando 15 meticais. Para prosseguir a viagem até ao seu destino, os passageiros são obrigados a pagar o mesmo valor novamente.

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A situação não é diferente na Matola, onde, na paragem conhecida como “Casa Branca”, os transportadores têm encurtado trajectos e elevado os preços. Belarmina Zitha, que esperava por transporte neste local, comentou: “Os ‘chapas’ estão também a cobrar 50 meticais de João Mateus até à Baixa ou Museu, e os carros particulares pedem 100. Quem não tem como pagar é forçado a ir a pé.”

Muitos cidadãos, incapazes de suportar os preços inflacionados, têm optado por caminhar longas distâncias, enquanto outros se veem forçados a cancelar as suas deslocações. “Sem ‘chapas’ disponíveis e com estes preços abusivos, a única solução é caminhar ou regressar para casa. Não há alternativa,” lamentou Zitha.

Os transportadores, embora não disponíveis para conceder entrevistas, justificaram as mudanças nas rotas e os preços elevados, atribuindo-os às manifestações e bloqueios nas estradas. Um motorista que preferiu manter o anonimato explicou: “Estamos a evitar as áreas de risco, onde os veículos podem ser vandalizados. É uma questão de segurança, mas os preços oficiais não mudaram. A situação é que nos obriga a estas medidas.”