Durante a inauguração de uma nova infra-estrutura na província de Gaza, o Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, fez um apelo contundente para o fim da destruição de infraestruturas e da violência que tem marcado o recente contexto político do país.
As suas declarações surgem na sequência de uma escalada de tensões pós-eleitorais, que resultaram em diversas mortes e danos materiais.
“Vamos parar com as destruições, vamos precisar e vamos ter peso na consciência por aquilo que devíamos ter deixado evoluir e não evoluiu”, afirmou Nyusi, referindo-se ao estado crítico em que alguns países se encontram devido à instabilidade. O chefe de Estado sublinhou a necessidade de um espírito pacífico e de reflexão entre os cidadãos, especialmente entre os jovens, que devem concentrar-se no desenvolvimento do país.
Nyusi elogiou a província de Gaza como um exemplo de progresso e destacou a importância de uma abordagem construtiva para ultrapassar a crise. “Como é uma terra fértil, vocês os jovens têm que fazer a vossa parte”, incentivou, realçando que a construção de um futuro melhor depende do esforço colectivo.
As suas palavras assumiram um tom mais grave ao lembrar as vítimas da violência recente, onde, segundo dados da organização não-governamental Plataforma Eleitoral Decide, três pessoas perderam a vida e dez ficaram feridas durante confrontos nos dias 27 e 28 de Setembro. Além disso, cinco indivíduos foram detidos em protestos contra os resultados das eleições.
O clima de tensão aumentou ainda mais após as Forças Armadas de Defesa de Moçambique confirmarem ter atropelado uma jovem manifestante em Maputo, alegando que o veículo estava em missão de protecção de bens económicos.
A violência também se fez sentir em Inhambane, onde um comando policial foi incendiado, e no ataque às sedes do partido Frelimo, na Matola-Rio e em Mangungumete.
As manifestações têm continuado, com o candidato Venâncio Mondlane a instar a população, através das redes sociais, a prolongar os protestos. Contudo, ele fez um apelo à calma, enfatizando que não devem ser destruídas infraestruturas nem bens públicos ou privados. “Não vamos invadir lojas de ninguém. Não vamos destruir bens de privados nem bens públicos”, escreveu na sua conta de Facebook.