Moçambique enfrenta uma crise social profunda após as eleições gerais de 09 de Outubro, com um balanço de pelo menos 261 mortos desde o início dos protestos em 21 de Outubro.
Nos últimos dias, apenas em Maputo, morreram 36 pessoas, enquanto a província registou 20 mortes. Nampula e Sofala também foram gravemente afectadas, com 34 e 33 mortos, respectivamente.
A ONG moçambicana que monitora os processos eleitorais contabilizou ainda 573 pessoas baleadas até agora, com inúmeros incidentes a ocorrer em Maputo, Nampula e Sofala. Desde o início das manifestações, 4.199 pessoas foram detidas, das quais 161 apenas nesta semana.
A tensão aumentou após o Conselho Constitucional proclamar Daniel Chapo, apoiado pela FRELIMO, como vencedor das eleições presidenciais com 65,17% dos votos. Este anúncio desencadeou protestos em todo o país, com manifestantes pró-Venâncio Mondlane a contestarem os resultados, levando a pilhagens, barricadas e confrontos com a polícia.
A situação se agravou com a fuga de 1.534 reclusos da Cadeia Central de Maputo, um evento que o comandante-geral da polícia, Bernardino Rafael, classificou como “premeditado” por manifestantes. Apenas 150 dos fugitivos foram recapturados, incluindo 29 indivíduos considerados “altamente perigosos”. Rafael alertou para um possível aumento da criminalidade em Maputo nos próximos dias.
Contradizendo a polícia, a ministra da Justiça, Helena Kida, afirmou que a fuga foi resultado de um motim na prisão e não estava ligada aos protestos. Por outro lado, Venâncio Mondlane acusou as autoridades de usar a fuga para desviar a atenção das alegações de fraude eleitoral.
Mondlane chamou seus apoiantes a intensificarem os protestos, mas pediu que evitassem destruir propriedades privadas, focando as manifestações nas instituições responsáveis pela alegada fraude.