Politica Instituições bancárias encerram portas face a receios de vandalismo

Instituições bancárias encerram portas face a receios de vandalismo

Face à escalada de tensões e à ameaça de novos protestos liderados por Venâncio Mondlane, candidato do Podemos às eleições presidenciais, várias instituições bancárias decidiram encerrar temporariamente as suas portas em diversas regiões do país.

A medida surge na sequência de incidentes de vandalismo registados nos últimos dias, em particular nas principais cidades do país, onde manifestações populares têm sido marcadas por confrontos e destruição de bens públicos e privados.

O receio de danos materiais e a preocupação com a segurança dos trabalhadores e clientes são apontados como as principais razões para a suspensão temporária das operações presenciais. Entre os bancos afectados, encontram-se tanto instituições nacionais como internacionais, algumas das quais já começaram a redireccionar os serviços para plataformas digitais, de modo a minimizar os impactos para os clientes.

“Proteger Colaboradores e Clientes”

Um comunicado conjunto de várias instituições bancárias, divulgado na noite de ontem, destaca que “a prioridade neste momento é garantir a segurança de colaboradores, clientes e património, enquanto as autoridades trabalham para conter a situação”. Algumas das agências bancárias foram já alvo de tentativas de invasão e saque durante os protestos da última semana, com danos significativos reportados em Maputo e Beira.

De acordo com fontes do sector financeiro, o encerramento será mantido enquanto persistir o risco de vandalismo. Serviços como levantamentos, depósitos e transferências poderão ser limitados, apelando-se aos clientes que privilegiem canais digitais, como aplicações móveis e internet banking.

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O anúncio de Venâncio Mondlane, que prometeu avançar com uma nova fase de manifestações sob o nome de “Turbo V8”, intensificou os receios de instabilidade. Nos protestos realizados até agora, estima-se que mais de 130 pessoas tenham perdido a vida em confrontos com as forças de segurança, um número que pode aumentar caso os apelos às manifestações sejam concretizados.

Mondlane, que rejeitou oficialmente os resultados proclamados pelo Conselho Constitucional — que declararam o candidato da Frelimo vencedor das eleições presidenciais com 65,17% dos votos —, reforçou a sua posição em declarações recentes. “Não podemos trair o povo. Continuaremos a agir de acordo com aquilo que o povo nos pede para fazer”, afirmou o candidato do Podemos, reiterando o apelo à mobilização popular.

A situação tem gerado um clima de medo e incerteza entre os cidadãos, particularmente nas zonas urbanas. Para além das instituições bancárias, outros sectores económicos também reportaram medidas de contingência, incluindo o encerramento antecipado de lojas, mercados e centros comerciais.

As autoridades reforçam a presença policial em pontos estratégicos, numa tentativa de conter potenciais focos de vandalismo e garantir a ordem pública. No entanto, muitos comerciantes e empresários têm optado por encerrar as suas actividades, temendo o impacto dos protestos na integridade dos seus negócios.