O Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, expressou a sua abertura ao diálogo político como uma via para pôr fim às manifestações violentas que têm assolado o país, desde que exista confiança entre os promotores da agitação e o Governo.
A declaração foi proferida durante a saudação aos responsáveis pelos órgãos de administração da Justiça, em homenagem ao Dia da Legalidade, que se celebra a 5 de Novembro.
Nyusi agradeceu aos moçambicanos e à comunidade internacional pela solidariedade demonstrada, sublinhando que o país possui uma vasta experiência na resolução de conflitos, fazendo alusão aos encontros que levaram ao Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) de ex-combatentes.
No entanto, o Chefe de Estado salientou que a falta de diálogo até ao momento se deve à ausência de confiança mútua entre as partes envolvidas.
O Presidente revelou que o seu actual mandato limita a possibilidade de acelerar o diálogo, uma vez que isso poderia comprometer o próximo ciclo governativo. Além disso, destacou que a Comissão Nacional de Eleições (CNE) e o Conselho Constitucional (CC) ainda estão a concluir o processo eleitoral, e que qualquer ação prematura por parte do Governo poderia ser interpretada como uma interferência no trabalho em curso.
Nyusi fez um apelo à calma entre os jovens, enfatizando a desnecessidade de paralisar o país enquanto os órgãos eleitorais continuam a sua função. “Não podemos ser um país de problemas na África Austral, porque não somos os piores. Não devemos destruir infra-estruturas para depois criticar a falta de estradas, escolas e hospitais”, afirmou, reafirmando a importância de preservar os recursos do país.
Além disso, o Presidente fez um apelo à não instrumentalização das crianças, que muitas vezes se tornam vítimas inocentes da violência. “Devemos trabalhar para que essas crianças se tornem bons políticos e melhores que nós”, defendeu, destacando a importância da educação para o futuro do país.
Por fim, Nyusi pediu aos comentadores da comunicação social que sejam coerentes nas suas análises, de forma a não prejudicar as famílias moçambicanas durante este período desafiante, especialmente em tempo de exames escolares. “Os fenómenos de manifestação violenta vão marcar negativamente os alunos, que podem não conseguir estudar devido a decisões tomadas por terceiros”, concluiu.