Na recente receção dos membros do Sistema de Administração da Justiça, Filipe Nyusi, actual Presidente de Moçambique, fez declarações contundentes sobre o seu futuro político.
“Quando chegar o dia, nem um minuto vou aceitar continuar”, afirmou Nyusi, sublinhando que, ao alcançar o seu limite constitucional de dois mandatos, se prepara para encerrar este ciclo governativo.
O chefe de Estado, que tem exercido a presidência desde 2015, destacou que existem várias formas de contribuir para a sociedade além da política.
As declarações de Nyusi surgem num contexto recente de incerteza política, após as sétimas eleições presidenciais e legislativas, realizadas a 9 de Outubro, nas quais o Presidente não se apresentou como candidato.
Segundo a Comissão Nacional de Eleições (CNE), a vitória foi atribuída a Daniel Chapo, representante da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), que obteve 70,67% dos votos. Este resultado, no entanto, não foi aceito por diversos candidatos à presidência.
O candidato independente Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), que ficou em segundo lugar com 20,32% dos votos, recusou reconhecer os resultados, que ainda aguardam validação e proclamação pelo Conselho Constitucional.
Mondlane não está sozinho nesta posição, uma vez que Ossufo Momade, presidente da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e um dos quatro candidatos à presidência, também contestou os resultados, clamando por uma anulação da votação.
Lutero Simango, candidato apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), manifestou-se de forma semelhante, considerando que os resultados foram “forjados na secretaria” e prometeu avançar com uma “ação política e jurídica” para restituir a “vontade popular”.
A situação política em Moçambique promete ser conturbada nos próximos tempos, com promessas de contestação e reivindicações de legitimidade em torno do processo eleitoral. A comunidade internacional mantém-se atenta ao desenrolar dos eventos.