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Lutero Simango denuncia fraude nas eleições gerais por exclusão de membros do MDM

O candidato presidencial e líder do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Lutero Simango, denunciou a exclusão de elementos do seu partido das mesas de voto nas eleições gerais, qualificando esta situação como uma “fraude”.

Simango afirmou que os delegados indicados pelo MDM estão a ser impedidos de participar no processo eleitoral, o que, segundo ele, compromete a transparência do escrutínio.

“A recusa da presença dos delegados do MDM e a não entrega das credenciais aos nossos representantes só pode ser interpretada como fraude. Por isso, vou deslocar-me pessoalmente às mesas de voto em Maputo para garantir que os nossos delegados estão presentes. Se esta situação continuar até ao final do dia, não restarão dúvidas de que estamos perante uma fraude, fraude, fraude”, declarou Simango em conferência de imprensa, logo após exercer o seu direito de voto por volta das 07:30 locais.

O líder do MDM denunciou que esta situação está a ocorrer em várias mesas de voto e responsabilizou a Comissão Nacional de Eleições (CNE) e o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) pela exclusão dos seus membros. “Perguntem ao STAE e à CNE, não a mim”, disse Simango, apelando à atenção dos observadores internacionais presentes em Moçambique: “Observem o que está a acontecer no nosso país. Esta não é a democracia que desejamos nem o processo que queremos ver.”

Determinado em garantir a presença dos seus delegados nas mesas de voto, Simango afirmou que, após ir à casa trocar de roupa, iria visitar as mesas de voto para se certificar de que os seus representantes exerciam o seu direito. Caso contrário, prometeu agir e mobilizar a população para protestar.

Para o candidato, a exclusão dos delegados do MDM representa uma conspiração contra o processo democrático. Reiterou o seu apelo à CNE e ao STAE para cumprirem a lei e alertou para uma possível reacção negativa caso isso não aconteça: “Se a lei não for cumprida, vamos reagir e a nossa resposta será firme e negativa. O que queremos é que este processo decorra de forma justa e transparente”, avisou Simango, acrescentando que a polícia não o iria impedir de agir.

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Apesar das denúncias, Simango apelou à participação massiva dos moçambicanos nas eleições. “Durante a campanha, tive a oportunidade de falar com os eleitores de norte a sul. Os moçambicanos querem mudanças, e essas mudanças vão acontecer, custe o que custar”, assegurou.

As urnas abriram às 07:00 com alguns atrasos em certas localidades e permanecerão abertas até às 18:00. A CNE registou mais de 17 milhões de eleitores, incluindo cerca de 334 mil que votam em sete países africanos e dois europeus.

Estas eleições gerais incluem as sétimas eleições presidenciais, onde o actual presidente, Filipe Nyusi, já não concorre devido ao limite constitucional de dois mandatos.

Além de Lutero Simango, estão na corrida presidencial Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Venâncio Mondlane, pelo partido extraparlamentar Podemos, e Ossufo Momade, apoiado pela Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).

Os resultados da eleição presidencial deverão ser anunciados pela CNE até 15 dias após a votação, salvo a necessidade de uma segunda volta, sendo depois submetidos ao Conselho Constitucional para validação.

A votação inclui ainda a eleição de 250 deputados para a Assembleia da República, além de eleições para assembleias e governadores provinciais, com um total de 794 mandatos a serem atribuídos.

O processo conta com a participação de 35 partidos políticos concorrentes à Assembleia da República e 14 partidos ou grupos de cidadãos às assembleias provinciais. Foram credenciados mais de 11.500 observadores nacionais e 412 internacionais, incluindo da União Europeia, da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e da União Africana.

No total, mais de 184 mil membros de mesas de voto estão envolvidos nas eleições, distribuídos pelos 154 distritos do país e em missões no exterior.