Destaque Antigo mandatário da Renamo exige renúncia de Ossufo Momade

Antigo mandatário da Renamo exige renúncia de Ossufo Momade

Um antigo mandatário da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) em Nampula, norte de Moçambique, solicitou na sexta-feira que o presidente do maior partido da oposição, Ossufo Momade, renuncie ao cargo, em resposta a um alegado “clamor popular”.

“O povo está a pedir. Para manter a Renamo a nível nacional, temos de convidar o nosso presidente, sua excelência general Ossufo Momade, a abdicar do cargo de presidente do partido Renamo. A sua renúncia não significa que ele não tem valor, muito pelo contrário, significa que vale mais, mas estamos a dar resposta aos anseios do povo e à vontade popular, para que a Renamo continue a ser o que foi outrora”, afirmou Ossufo Ulane, durante uma conferência de imprensa realizada em Nampula.

Ulane, que desempenhou o papel de mandatário da Renamo nas eleições autárquicas de 2023 e foi chefe de gabinete do anterior edil de Nampula, Paulo Vahale, também da Renamo, justificou o alegado fraco desempenho eleitoral do partido, atribuído a uma assembleia de voto, pelo facto de haver já um apelo de membros do partido a favor da renúncia de Ossufo Momade.

“Por exemplo, no pavilhão desportivo, na mesa 03, será que apenas dois membros da Renamo se recensearam? Apenas dois? Não, não foram só dois. Isto demonstra que a Renamo ficou inactiva e não foi votar. Mas isso deve-se ao facto de, constantemente, os membros terem alertado: ‘Peçam ao presidente Ossufo Momade para deixar o cargo, ele poderá continuar como conselheiro'”, explicou Ulane.

Além disso, Ulane apelou à delegada provincial do partido para que também renunciasse ao seu cargo e aguardasse pelos resultados das eleições de quarta-feira, podendo eventualmente assumir o cargo de governadora, posição para a qual concorreu pela Renamo.

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“Como membro do partido, sinto que tenho o dever de contribuir para que a Renamo construa uma boa imagem e cresça politicamente”, justificou Ossufo Ulane.

Ossufo Momade tem enfrentado críticas, tanto internas como externas, devido à alegada passividade perante as irregularidades apontadas nas eleições autárquicas de Outubro passado.

O líder da Renamo é também acusado de negligência relativamente à situação dos guerrilheiros do partido, que foram desmobilizados no âmbito do acordo de paz firmado com o Governo.

As declarações de Ulane surgem num momento em que se aguardam os resultados das eleições gerais de quarta-feira, nas quais Ossufo Momade concorre para o cargo de Presidente da República, com o apoio da Renamo.

Além de Ossufo Momade, concorrem à Presidência de Moçambique Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Lutero Simango, candidato do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceira maior força parlamentar, e Venâncio Mondlane, apoiado pelo partido extraparlamentar Podemos.

Os resultados da eleição presidencial deverão ser divulgados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) num prazo máximo de 15 dias, caso não haja necessidade de uma segunda volta.

Posteriormente, os resultados serão submetidos ao Conselho Constitucional para validação, sendo que este órgão não tem prazos definidos para proclamar os resultados oficiais após a análise de eventuais recursos.

O processo eleitoral incluiu ainda as eleições legislativas, com 250 deputados a serem eleitos, e as eleições para as assembleias provinciais, nas quais 794 mandatos serão distribuídos.

A CNE aprovou a participação de 35 partidos políticos nas eleições para a Assembleia da República e de 14 partidos e grupos de cidadãos para as assembleias provinciais.