No seu último discurso sobre o estado da nação, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, apontou a paz como uma das cinco principais realizações durante os seus dois mandatos, e anunciou a construção de um memorial da paz na Gorongosa.
“Com profunda emoção e sentimento de dever cumprido, entregamos o país totalmente reconciliado”, afirmou Nyusi no seu último informe anual sobre a Situação Geral da Nação, apresentado na Assembleia da República, em Maputo.
Nyusi enfatizou a importância do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional, assinado a 6 de Agosto de 2019, com a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o principal partido da oposição. Este foi o terceiro entendimento formal entre as partes, destinado a pôr fim, de forma definitiva, ao conflito armado que as opôs durante anos. “Esta paz não pertence apenas ao Governo ou à RENAMO; é de todos os moçambicanos”, sublinhou.
De acordo com dados oficiais, 5.221 ex-combatentes da RENAMO foram desmobilizados e reintegrados nas suas famílias e comunidades, como parte do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR), estipulado no acordo, um processo que começou em 2018.
“O processo de DDR levou tempo e exigiu muita paciência”, acrescentou Nyusi, recordando a “decisão arriscada” que tomou em 2017, quando viajou até à serra da Gorongosa para se encontrar com o histórico líder da RENAMO, Afonso Dhlakama. Dhlakama estava numa das bases do partido no interior da Gorongosa e faleceria no ano seguinte, vítima de doença, naquele mesmo local.