O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, afirmou que os grupos extremistas estão a realizar movimentações em novas áreas de Cabo Delgado, com o intuito de desviar os avanços das forças governamentais que se dirigem para as principais bases dos terroristas.
“Com este movimento, [os terroristas] pretendem desviar a intenção e o avanço das forças que estão em direção às principais posições dos terroristas (…) Vários postos avançados dos terroristas foram atacados, assaltados e destruídos, tendo provocado a fuga de terroristas em pequenos grupos”, declarou Filipe Nyusi durante as cerimónias centrais de celebração do Dia dos Heróis, em Maputo.
Recentes ataques e movimentações ocorreram após um período de relativa estabilidade em Cabo Delgado. As autoridades locais associam esses eventos à perseguição imposta pelas Forças de Defesa e Segurança nos distritos de Macomia, Quissanga e Muidumbe, entre os mais afetados.
O Presidente destacou que as forças governamentais, com apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, estão a realizar “operações imediatas”, incluindo a “ocupação e consolidação” de posições estratégicas em Mucojo, no distrito de Macomia, e fiscalização costeira.
“As forças de defesa e segurança têm como última finalidade negar a penetração e mobilidade dos terroristas pelo mar, incluindo o seu reabastecimento através das ilhas adjacentes, tendo nas últimas 72 horas entrado em contacto direto com um grupo que se mantém em fuga na reta Ancuabe – Metuge”, avançou Filipe Nyusi, referindo que quer ver “esclarecida a origem e motivação” deste grupo.
O chefe de Estado alertou também para novas tentativas de recrutamento de jovens pelos grupos rebeldes, episódios que estão a ser registados mais a norte de Cabo Delgado e também em dois distritos de Nampula, província vizinha, nomeadamente Memba e Eráti.
“Apesar de tudo isto, queremos apelar à nossa resiliência coletiva, com vista a suster as investidas dos terroristas. Aos jovens, apelamos para não aderirem ao recrutamento e a reportarem qualquer movimento estranho que possa condicionar a segurança das comunidades”, declarou Filipe Nyusi.
A movimentação dos grupos terroristas nos últimos dias também foi observada no distrito de Quissanga, perto dos campos de produção agrícola junto ao distrito de Metuge, criando pânico e levando as populações a abandonarem as atividades.
A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada, com alguns ataques reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico. Desde julho de 2021, uma resposta militar com o apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) tem libertado distritos junto aos projetos de gás.
O conflito já causou um milhão de deslocados, segundo o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e aproximadamente 4.000 mortes, de acordo com o projeto de registo de conflitos ACLED.