A Procuradora-Geral da República de Moçambique, Beatriz Buchili, apelou a um maior apoio no combate ao tráfico de drogas, alertando para a infiltração deste tipo de crime em “instituições públicas”, desde a polícia à política.
Em discurso na cerimónia de abertura do ano judicial de 2024, em Maputo, Buchili salientou que o tráfico de drogas “tem a capacidade de estender as suas teias nas instituições públicas, incluindo no seio da polícia, das magistraturas, da advocacia, dos actores políticos e das esferas económica e social, manipulando as agendas das instituições e comprometendo o Estado”.
A procuradora-geral sublinhou a necessidade de identificar e eliminar as “fraquezas institucionais”, denunciando “todos os actos de corrupção”, com destaque para os órgãos de gestão e disciplina dos magistrados e oficiais de Justiça.
Beatriz Buchili também destacou a importância da cooperação internacional no combate ao tráfico de drogas, considerando que Moçambique está inserido num contexto internacional e que não pode pensar numa solução unicamente nacional.
A procuradora-geral salientou que o “comprometimento dos Estados” tem facilitado a identificação de redes internacionais de tráfico de drogas e a responsabilização dos seus líderes, o que permitiu a Moçambique deter e extraditar cidadãos para os Estados Unidos, Países Baixos e Brasil nos últimos dois anos.