Deputados da Assembleia da República acusam a Polícia da República de Moçambique (PRM) de incompetência e falta de estratégia para combater o crime de raptos. As críticas surgem na sequência da nova onda de crimes na capital do país, que tem causado grande preocupação na população.
Raimundo Diomba, deputado da Frelimo e presidente da Comissão da Defesa, Segurança e Ordem Pública na Assembleia da República, defende a necessidade de maior capacitação da Polícia para melhor responder ao crime de raptos.
“A Polícia precisa de capacitação e equipamentos, temos de a equipar para depois exigir. Eu tenho um caso em que, à minha casa, apareceu alguém a roubar, a querer violentar-me; comuniquei à Polícia sobre a ocorrência. O agente que me atendeu disse que estava sozinho na esquadra e não tinha meios para se deslocar até à minha casa e que não queria andar a pé, então eu tinha que o buscar até à minha casa”, contou Diomba.
Por sua vez, os deputados Fernando Bismarque e Silvia Cheia acusam a Polícia de falta estratégia para combater os raptos.
“Temos todo o tipo de Polícia que se pode imaginar, mas, infelizmente, as directrizes, as orientações é que estão a ser transmitidas muito mal por parte do Comando Geral da PRM; não há capacidade de transmitir orientações claras de forma a que seja estancado todo o tipo de crime”, disse Bismarque.
Silvia Cheia suspeita que os sequestradores estejam dentro da corporação.
“Em relação ao Governo, devia melhorar mais a sua estratégia e que comece a investigar a própria Polícia, porque o atrevimento que eles (criminosos) têm, às vezes, nos dão a percepção de que não estão sozinhos, estão com a Polícia. É preciso investigar para saber o que está a acontecer”, afirmou Cheia.
Até aqui, as autoridades policiais ainda não explicaram o trabalho em curso para o resgate da vítima do rapto do último sábado e a neutralização dos criminosos.
A onda de raptos em Maputo tem causado grande preocupação na população. Só no último mês, foram registados pelo menos dez casos, incluindo o de uma menina de 12 anos que foi sequestrada e violentada sexualmente.
Os deputados exigem que o Governo tome medidas urgentes para acabar com esta onda de crimes.