O grupo islâmico palestino Hamas lançou no sábado o maior ataque a Israel em anos, matando pelo menos 100 pessoas e alegando ter feito dezenas de reféns em um ataque que combinou homens armados invadindo a fronteira de Israel e lançamentos de milhares de foguetes a partir de Gaza.
Israel disse que o grupo apoiado pelo Irã declarou guerra quando o seu exército confirmou combates com militantes em várias cidades e bases militares israelenses perto de Gaza, e o primeiro-ministro de direita, Benjamin Netanyahu, prometeu retaliar. Os ataques deixaram pelo menos 740 feridos, segundo a mídia local.
“Nosso inimigo pagará um preço que jamais conheceu”, disse ele. “Estamos em uma guerra e vamos vencê-la.”
O canal N12 News de Israel informou que pelo menos 100 israelenses foram mortos. Um fotógrafo da Reuters viu vários corpos caídos nas ruas da cidade de Sderot, no sul do país.
Contudo, o exército israelense disse que respondeu com ataques aéreos em Gaza, onde testemunhas relataram ter ouvido fortes explosões e vários mortos sendo levados para hospitais.
O Brasil, que está na presidência do Conselho de Segurança da ONU neste mês, afirmou que vai convocar uma reunião de emergência do órgão sobre o conflito e condenou os ataques do Hamas.
O vice-chefe do Hamas, Saleh al-Arouri, disse à emissora Al Jazeera que o grupo mantém um grande número de prisioneiros israelenses, incluindo funcionários de alto escalão do governo. Ele disse que o Hamas tinha prisioneiros suficientes para fazer com que Israel liberte todos os palestinos de suas prisões.
Entretanto, autoridades de saúde de Gaza disseram que 198 palestinos foram mortos em ataques aéreos enquanto os bombardeios atingiram profundamente a cidade de Gaza, enviando grandes nuvens de fumaça negra em espiral para o céu.
O Hamas disse que o ataque foi motivado pelo que chamou de crescentes ofensivas de Israel contra os palestinos na Cisjordânia, em Jerusalém e contra os palestinos nas prisões israelenses.
“Este é o dia da maior batalha para acabar com a última ocupação na Terra”, disse o comandante militar do Hamas, Mohammad Deif. Ele anunciou o início da operação em uma transmissão na mídia do Hamas, convocando os palestinos de todos os lugares a lutar.
O ataque marcou uma infiltração sem precedentes em Israel, que nos últimos anos promoveu uma campanha de ocupação em larga escalda da Cisjordânia. A ofensiva marca o ataque mais pesado contra Israel no conflito com os palestinos desde os atentados suicidas da Segunda Intifada, há cerca de duas décadas.
Israel e o Hamas travaram uma guerra de 10 dias em 2021.
Deste modo, as ataques ocorreram um dia depois que Israel comemorou o 50º aniversário da guerra de 1973, que levou o país à beira de uma derrota em um ataque surpresa da Síria e do Egito.