O chefe do comando norte-americano de Operações Especiais em África disse esta terça-feira que os ataques no norte de Moçambique têm “impressão digital do Estado Islâmico”, manifestando preocupação com o acelerar da ameaça terrorista na região.
“Estamos preocupados. Acreditamos que há um problema local que está a ser aproveitado pelo Estado Islâmico. Nos últimos 12 a 18 meses desenvolveram as suas capacidades, tornaram-se mais agressivos e usaram técnicas e procedimentos comuns em outras partes, nomeadamente no Médio Oriente, associados ao Estado Islâmico”, disse o major-general Dagvin Anderson.
O comandante do Comando de Operações Especiais dos Estados Unidos em África, com sede em Kelley Barracks em Estugarda, na Alemanha, falava esta terça-feira, durante uma conferência de imprensa para abordar os esforços dos Estados Unidos no combate ao terrorismo em África durante a pandemia de Covid-19.
Dagvin Anderson apontou o facto de o próprio Estado Islâmico ter reivindicado essa ligação, mas considerou, sobretudo, determinantes os sinais da organização terrorista nas comunicações. “Vimos publicações e comunicações nos média muito bem feitas e que têm a impressão digital e todas as marcas do Estado Islâmico”, disse. “Por isso, acreditamos que há uma ligação mais profunda, que o Estado Islâmico está envolvido com a facção no norte de Moçambique e que têm influência”, acrescentou.
O responsável admitiu, no entanto, que a extensão dessa influência não é ainda totalmente conhecida. “Estamos a trabalhar com a nossa embaixada e com o Governo de Moçambique para ter uma ideia melhor, perceber como essa ameaça se está a desenvolver e o que é que isso significa para a região”, afirmou.
Para o major-general Dagvin Anderson não há dúvidas de que “há actores externos que estão a influenciar o conflito e a torná-lo mais virulento e perigoso“. “Já não se trata apenas de um conflito local que possa ser resolvido apenas pelas autoridades locais. Foi inflamado pelo Estado Islâmico, que fornece treino, formação e recursos”, considerou.
Dagvin Anderson sublinhou a preocupação pela forma como a relação entre o movimento rebelde local e o Estado Islâmico se está a desenvolver, considerando que a resposta terá de ser liderada por Moçambique, mas envolvendo outros países e a comunidade internacional.
“Moçambique tem de tomar a liderança, mas é preciso envolver vários países na região. Tanzânia, Malawi e outros países terão de ajudar porque o terrorismo vai atravessar fronteiras e procurar refúgio onde puder para continuar a desestabilizar a região”, disse.