A mediatizada linha de transporte de energia eléctrica entre Tete e Maputo, projecto lançado pelo presidente da República, Armando Guebuza, continua longe da sua concretização devido à falta de dinheiro.
O facto foi revelado pelo ministro da Energia, Salvador Namburete, numa entrevista exclusiva ao Canalmoz.
O projecto está orçado em pouco mais de 2.7 biliões de dólares norte-americanos que inclui o estudo de impacto ambiental. O ministro da Energia diz ainda que não existe tal dinheiro. O projecto CESUL, considerado a “espinha dorsal” de transporte de energia no País e na região, deverá ser liderado pela Electricidade de Moçambique, empresa que em princípio será accionista maioritária com 51%.
A empreitada consistirá na construção de duas linhas de transporte, sendo uma de corrente alternada em alta tensão, a ser operada a 400kV e outra de corrente contínua de 500kV.
Está previsto no projecto a construção de cinco novas subestações ao longo do trajecto da linha (1300 quilómetros), nomeadamente em Cataxa, Inchope, Vilankulo, Chibuto e Moamba, com o propósito de beneficiar projectos de investimentos e comunidades daquelas áreas.
De acordo com o calendário, os acordos de utilização do sistema seriam assinados no último trimestre de 2012, enquanto o fecho financeiro esteve previsto para 2013, ou seja, um ano antes do arranque das obras que em princípio deviam terminar em 2017, altura do início das operações comerciais.
No entanto, a falta de financiadores, segundo Salvador Namburete, para desembolsar o montante previsto continua a adiar o arranque das obras, não obstante o Governo estar a empreender um grande esforço para a concretização do empreendimento, uma vez que, com a “espinha dorsal”, Moçambique e outros países da África Austral passarão a dispor de uma infra-estrutura vital para o escoamento rápido, fiável e seguro de electricidade para os principais pontos de consumo.
Por outro lado, o empreendimento vai permitir a interligação do centro norte e sul de modo a criar condições para a viabilização de novos projectos de geração de energia, aproveitando o potencial estimado em 12,500mW, daí ser vital a sua concretização.
“O nosso desejo era de arrancar com o projecto ainda este ano mais devido a dificuldades já mencionadas já não vai ser possível”, disse Salvador Namburete.
“Mas o importante é que continua haver um grande entusiasmo por parte das empresas participantes que são a Eletrobras, REN e Eskom, empresas de electricidade do Brasil, Portugal e África do Sul, razão pela qual é ainda prematuro afirmar quando é que o projecto vai iniciar, dado ao facto de ser muito caro e complexo, daí estar-se neste momento a ponderar-se muito”, sublinhou Namburete.
Refira-se que neste momento Moçambique enfrenta desafios significativos na área da electricidade, incluindo a reestruturação, reabilitação e o reforço das infra-estruturas de transporte e distribuição. É assim que a “espinha dorsal” é vista, como sendo a plataforma para melhorias significativas no sistema de transporte de energia de alta tensão.