Sociedade Meio Ambiente Pescadores e PNB estão de “costas voltadas” em Inhassoro e Vilankulo

Pescadores e PNB estão de “costas voltadas” em Inhassoro e Vilankulo

Os pescadores defendem que as actividades que exercem são a principal fonte de rendimento para a maioria das famílias daquelas zonas costeiras e que as instituições governamentais que intervêm nas áreas das pescas e turismo devem coordenar a sua actuação para evitar prejudicar as comunidades locais.

Num encontro dirigido pelo Ministro das Pescas, Victor Borges, que recentemente escalou a província de Inhambane em visita de trabalho, os pescadores uniram as vozes e acusaram as autoridades do Parque Nacional de Bazaruto (PNB) de arrogantes e agirem com intuito de proibir a prática da pesca, pois, segundo disseram, não há sinais da delimitação das áreas proibidas para o exercício da pesca.

Apontaram ainda que quando são encontradas nas consideradas zonas proibidas no interior do PNB, além de pesadas multas que lhe são aplicadas e a confiscação de material de pesca, deixando deste modo os pescadores sem capacidade de exercer suas actividades mesmo longe das chamadas zonas proibidas para a pesca.

Victor Borges reconheceu haver a necessidade de tornar visível os limites do parque para evitar a exploração de recursos protegidos, tendo dito que ia entrar em contacto com o Ministério do Turismo, dono do PNB, para encontrar formas para tornar claro a sinalização de forma a evitar eventuais equívocos por parte de todos os intervenientes, nomeadamente, fiscais do PNB bem como dos pescadores,
No entanto, Borges convidou os pescadores para que sejam os primeiros fiscais da sua própria actividade, denunciando aqueles que usam artes proibidas, bem como os que trabalham em locais igualmente proibidos, tais como em recifes e corais.

“Queremos a vossa participação e envolvimento nos comités comunitários da pesca para reforçar a actividade da fiscalização, porque só assim estaremos na mesma mesa, uns para pescar para seu rendimento familiar e outros a desenvolver acções que permitam uma exploração racional e sustentável dos recursos marinhos”, pediu o ministro das Pescas.

A reunião de Víctor Borges com os pescadores debruçou-se igualmente sobre a utilização de canoas ou jangadas pelos operadores no alto mar, situação que representa um perigo para os praticantes devido a sua vulnerabilidade aos ventos fortes em caso de ocorrência de mau tempo.

O titular da pasta das Pescas solicitou aos presentes para encontrar outras formas mais seguras para se fazerem ao mar, de forma a evitar naufrágios por causa de mau tempo. Não foi decidida naquele encontro bastante concorrido, mas ficou assente que num futuro não muito distante as pequenas embarcações sem capacidade de resistência a ondas provocadas por ventos fortes, serão banidos a sua utilização no alto mar.

O distrito de Inhassoro conta actualmente com cerca de 340 embarcações, sendo que 111 exercem actividade de pesca usando a arte de pesca à linha, 75 embarcações dedicam-se à pesca de arrasto e outras 43 embarcações são de recreio. Deste efectivo, 16 barcos dos quais quatro a motor e 12 à vela estão baseados no arquipélago de Bazaruto.

Ainda em Bazaruto, estão inscritos oficialmente 49 barcos de pesca de arrasto, 29 de pesca à linha e 16 de recreio.