O corte foi em cumprimento de uma ameaça feita em meados de Junho pela Associação dos Fornecedores de Água de Moçambique (AFORAMO) e reafirmada nos últimos dias devido ao fracasso das negociações realizadas desde então com o Governo, visando buscar soluções mais razoáveis para o problema.
Aquela colectividade justifica a paralisação da sua actividade por, alegadamente, estar a ser prejudicada pelo Estado, que de há alguns anos a esta parte vem sobrepondo os seus projectos sobre os dos privados.
Invocam ainda como razão para o abandono do fornecimento de água o facto de estarem a perder clientes em detrimento do fornecedor público, vandalização da sua rede durante as obras de instalação dos equipamentos daquele, entre outras anomalias.
Face ao cenário instalado, a associação exige que o Estado indemnize os fornecedores por perdas dos seus investimentos e/ou clientes e por lucros cessantes por um período de 15 anos em virtude da sobreposição dos projectos públicos sobre os seus.
Paulino Cossa, presidente da AFORAMO, disse ontem ao nosso Jornal, que em Maputo e Matola a adesão dos operadores à paralisação é de 98 por cento.
“Na Matola apenas um operador abriu por apenas uma hora, mas logo depois fechou o fornecimento de água”, disse Cossa, acrescentando que na vila de Chibuto, em Gaza, todos os operadores privados suspenderam o abastecimento.
A paralisação presume-se ser de âmbito nacional, mas grande parte dos cerca de 600 membros da AFORAMO está na área do Grande Maputo, segundo informações anteriormente avançadas pela agremiação.
A directora nacional de Águas, Suzana Loforte, disse na quarta-feira que a questão da indemnização é que dividiu as partes ao ponto de paralisar as negociações.
Ao que explicou, os operadores privados querem ser ressarcidos, não apenas pelas suas infra-estruturas, mas até pelos lucros cessantes e num período de 15 anos.
Feitas as contas, o Estado teria que pagar entre 700 mil e um milhão de dólares a cada fornecedor, num universo de cerca de 600 registados naquela agremiação, o que se mostra insustentável para a Direcção Nacional de Águas.
Suzana Loforte disse que o Governo defende o recurso a outras fórmulas de cálculo de indemnizações que se afigurem “justas” para ambos os lados.
O número de afectados não está claro. A AFORAMO reivindica cobertura de 60 por cento do Grande Maputo, totalizando cerca de dois milhões de famílias, e a DNA diz que apenas 20 por cento da população da capital e Matola é que depende dos pequenos operadores.
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