E para assinalar a efeméride, o Governo realiza hoje um encontro de reflexão que terá lugar na Direcção Nacional de Águas e contará com a presença do Ministro das Obras Públicas e Habitação, Cadmiel Muthemba. Na ocasião, Patrício José, Reitor do Instituto Superior de Relações Internacionais e Diplomacia, falará sobre o lema escolhido para assinalar a efeméride, e Sérgio Sitoe proferirá uma palestra subordinada ao tema “Cooperação em gestão dos recursos hídricos na região da SADC”, e Hélio Banze irá abordar o tema “Evolução da cooperação entre Moçambique e os países com quem partilha bacias hidrográficas. Já Dinis Juízo foi convidado para fazer uma reflexão em torno do tema “Água como elemento essencial para o desenvolvimento”.
Entretanto, Moçambique continua a enfrentar inúmeros desafios no abastecimento de água e saneamento do meio devido a sua complexidade, um facto exacerbado por outros factores tais como baixo nível de financiamento público, tal como constataram vários especialistas do ramo e representantes da sociedade civil num debate nacional sobre a matéria, intitulado “Diálogo Nacional – Água e Saneamento como um Direito Humano”.
O evento tinha por objectivo aumentar a consciência dos participantes e de toda a sociedade moçambicana sobre a importância da água e saneamento do meio no processo de desenvolvimento do país e reforçar a coordenação e a participação da sociedade civil e o governo na abordagem deste assunto.
No encontro, a coordenadora do Fórum Mulher, Graça Samo, explicou que a pobreza, o impacto das mudanças climáticas e a instabilidade política no país tornam ainda mais fortes os efeitos da falta de acesso a água potável e ao saneamento melhorado.
“O acesso a água potável e saneamento continua a ser um dos maiores desafios no país pois cerca de 90 por cento das mortes são devido a doenças diarreicas provocadas pelo consumo de água imprópria e apenas 19 por cento dos agregados familiares tem acesso ao saneamento seguro, o que quer dizer que cerca de 16 milhões de moçambicanos não usam latrinas seguras”, explicou, citada pela Agência de Informação de Moçambique.
Por seu turno, a representante da Organização não Governamental “Water Aid”, Rosaria Mabica, disse que a água segura e o saneamento são direitos humanos básicos e a falta de acesso a estes serviços tem um impacto crítico no desenvolvimento humano afectando de modo desproporcionado as oportunidades de vida dos moçambicanos.
Para a Water Aid, o acesso a água e saneamento não são apenas um direito humano fundamental, mas também essencial para melhorar a saúde, educação e nutrição.
Infelizmente, afirma aquela ONG, o progresso na provisão destes serviços ainda continua a ser muito lento, razão pela qual a disponibilidade de latrinas seguras não tem vindo a acompanhar o crescimento populacional.
Como consequência “hoje em dia há mais pessoas sem acesso ao saneamento melhorado″, afirma a Water Aid.
O evento, que se pretende-se que seja realizado pelo menos uma vez por ano, tem como finalidade promover a criação de uma plataforma através da qual a sociedade civil moçambicana contribui activamente para que todos tenham acesso a água potável e saneamento.
A Water Aid é uma Organização-não-Governamental que se dedica a ajudar pessoas a escapar à pobreza e a doenças associadas com a falta de água potável e saneamento.
O Dia Mundial da Água é comemorado anualmente a 22 de Março como meio para chamar a atenção sobre a importância da água doce e defender a gestão sustentável dos recursos hídricos.
A data foi recomendada na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED) e a Assembleia das Nações Unidas respondeu ao apelo designando o dia 22 de Março de 1993 como o primeiro Dia Mundial da Água.
Em Dezembro de 2010, a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou 2013 o Ano Internacional das Nações Unidas da Cooperação pela Água. O tema é inédito, o que ressalta a sua importância primordial e confere particular relevância a este 20º Dia Mundial da Água.
O Ano Internacional da Cooperação pela Água encoraja partes interessadas nos níveis internacional, regional, nacional e local a agir em prol da Cooperação pela Água. Haverá por todo o mundo esforços de consciencialização quanto ao potencial e aos desafios da cooperação pela água que facilitarão o diálogo entre atores e promoverão soluções inovadoras para a manutenção da cooperação pela água.