Os dentes de elefantes têm sido alvo de “pilhagem” nos últimos três anos por cidadãos estrangeiros, na sua maioria oriundos da Tanzânia e dos Grandes Lagos, que posteriormente os colocam no mercado negro.
“Há dois anos houve uma avalanche de entrada de cidadãos dos Grandes Lagos para prática da caça furtiva na Reserva do Niassa, o que contribuiu no índice de abate de elefantes, pois descobriram um mercado negro, sobretudo na Ásia, para a colocação dos troféus”, disse à Lusa João Muchanga, diretor provincial de Turismo do Niassa.
O último censo da fauna, de 2011 (divulgado em 2012), indica que naquela reserva o efectivo de elefantes baixou de 20 mil para 15 mil, relativamente ao anterior cadastro, o qual resulta de levantamento feito a cada dois anos.
Ainda segundo a fonte, perante a situação, o Governo local intensificou o envolvimento da população, Polícia, militares, guarda-fronteira e Alfândegas no controlo da Reserva, para “travar o saque” de marfim por caçadores furtivos na região, o que tem trazido resultados.
“A estratégia está a ir ao encontro da solução. Estamos a sensibilizar as comunidades para não acolherem os estrangeiros que geralmente aparecem com volumes de dinheiro e aliciam a população, pagando o alojamento nas suas residências”, explicou a fonte.
Actualmente, a Reserva do Niassa foi reforçada com duas avionetas e três viaturas para fiscalização, além de um efectivo de 44 guardas-florestais (totalizando 120 homens), mas os meios continuam exíguos perante a dimensão da zona.
“É necessário potenciar com recursos humanos e meios para a fiscalização da Reserva do Niassa”, sublinhou João Muchanga, acrescentando que, nos últimos tempos, foram apreendidos tendas, armas de fogo, combustível e outro material de caça em mata fechada.
Além do saque dos troféus, disse, a caça furtiva tem vindo a agravar os casos de conflito Homem/animal, uma vez que os paquidermes fogem dos seus habitats, invadindo residências e destruindo machambas (hortas) e celeiros.