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Cabo Delgado – Almeida Abujate: Filho que ajuda crescer a terra que o viu nascer

Chama-se Almeida Abujate que, para estudar, percorria diariamente 24 quilómetros de ida e volta, pelo menos nos anos 1979/80, pois, vivia na actual aldeia de Megaruma, margem esquerda do rio com mesmo nome, do lado do distrito de Ancuabe e devia estudar na sede do posto administrativo, cruzamento das estradas Nampula/Montepuez/Pemba.

Em 1985 entra na enfermagem e colocado na cidade de Pemba, ao mesmo tempo que fazia peças teatrais, um bicho que lhe perseguia desde a escola, que cedo foram sendo admiradas e “compradas” pelas organizações não-governamentais estrangeiras.

“Desse negócio, o primeiro dinheiro que consegui foi para comprar milho, no circuito de comercialização agrícola e construir uma barraca na minha própria aldeia, em Megaruma. A barraca cresceu e senti a necessidade de contribuir com mais alguma coisa para a população, construindo duas salas de aula, que ofereci depois à minha terra”, explica Almeida Abujate.

Na mesma oportunidade, resolve estender a sua actividade à sede do posto, a convite de amigos ali residentes, por intermédio dos quais consegue adquirir um terreno, por 50.000,00 meticais, espaço onde mais tarde se operariam transformações que fariam de Metoro relativamente diferente.

A barraca de Megaruma já levava o nome de “Amugi Nihicossanatche” (família, não nos invejemos), que transporta para o novo local, na sede do posto, onde implanta uma pensão com oito quartos e uma sala de reuniões.

A primeira comemoração de um aniversário de um posto administrativo, aconteceu em Metoro, sob os auspícios e patrocínio de Almeida Abujate, que fez uma festa de arromba, logo depois de se implantar, depois do que passou a ser moda em toda a província.

Hoje, a pensão de Abujate, em Metoro, tem 24 quartos, incluindo algumas suites e duas salas de conferências, com a capacidade de 120 e 60 pessoas respectivamente, uma das quais, a melhor da província de Cabo Delgado, fora aquelas pertencentes ao “Pemba Beach Hotel” e ao Centro de Pesquisa Ambiental, na capital provincial.

Cabo Delgado - Almeida Abujate: Filho que ajuda crescer a terra que o viu nascer

Não Matei Ninguém Para Crescer

Hoje, Almeida Abujate se é visto em Pemba, há-de ser porque ainda é funcionário público, na Direcção Provincial de Saúde, onde exerce as funções de técnico de Medicina Preventiva há 11 anos, como coordenador do programa de Saúde Sexual Reprodutiva de Adolescentes e Jovens, no âmbito da chamada Geração Biz.

A pensão de Abujate cresceu de modo surpreendente, se bem que, em algum momento da sua história teve que fazer 13 quartos em 26 dias, pois, aproximava-se uma oportunidade que passaria por a Helvetas (uma ONG suíça) ocupá-la por muitos dias, quando concentrou a sua actividade no eixo Chiúre-Ancuabe.
“Não matei ninguém para crescer. Quando apanho dinheiro, imediatamente invisto. Esse é o meu segredo”, explicou Abujate.

O nosso entrevistado não esconde o facto de, actualmente, pensar mais como empresário do que dramaturgo que é, arte que diz agradecer porque o fez conhecer, mas acredita que a juventude pode singrar, desde que a vontade se case com alguma perfeição com o querer e sorte à mistura.

No local onde há menos de 10 anos não havia nada, hoje, para além da pensão de que falamos e as salas de conferências, está implantada uma mercearia, um salão cabeleireiro, estando também em edificação uma peixaria. Igualmente, possui uma máquina de lavar roupa, mas só para uso interno.Abujate já emprega 13 concidadãos a quem não lhes falta o salário, incluindo uma funcionária que contratou, em Maputo, para alguns trabalhadores de especialidade.
Nos últimos tempos, Almeida Abujate meteu-se, igualmente, na política, pois é membro da Assembleia Provincial pelo círculo de Ancuabe.