A demissão foi hoje apresentada por carta, onde o general na reforma David Petraeus, de 60 anos, sublinha que está casado há 37 anos e que “teve muito pouco bom senso” ao envolver-se num caso extra-conjugal. “Tal comportamento é inaceitável, seja como marido seja como líder de uma organização como esta”, escreveu, num extracto divulgado pela agência Reuters.
Petraeus tornou-se director da CIA em Setembro de 2011, depois ter comandado as forças internacionais no Afeganistão, de Julho de 2010 a Julho de 2011. Antes, tinha chefiado o Comando Central (USCENTCOM) do exército norte-americano e distinguiu-se na segunda guerra do Iraque. Na verdade, são-lhe atribuídos os créditos de ter dado a volta à guerra, em 2007, quando os Estados Unidos estavam no atoleiro da revolta sunita.
O vice de Petraeus na CIA, Michael Morell, ficará como director interino, até ser nomeado novo director, disse Barack Obama, numa declaração em que traça rasgados elogios ao trabalho do dirigente demissionário. “David Petraeus prestou serviços extraordinários aos Estados Unidos durante décadas”, afirmou o Presidente.
“Foi um dos mais destacados generais da sua geração, ajudou o exército a adaptar-se a novos desafios, e liderou os nossos homens e mulheres em uniforme num período extraordinário no Iraque e no Afeganistão, onde ajudou a pôr a nossa nação a pôr no caminho para um fim responsável a essas guerras .”Como director da CIA, continuou a servir com o rigor intelectual que lhe é característico, com dedicação e patriotismo. David Petraeus tornou o nosso país mais seguro e mais forte”, declarou Obama.
Até agora não vieram a lume mais pormenores sobre a relação extra-conjugal de Petraeus que o levou a pedir a demissão. Mas antes de se pensar que este é apenas um caso extremo de puritanismo americano, o “New York Times” nota que os affairs são mesmo assuntos muito sensíveis para um espião – e mais ainda para o chefe dos espiões de uma nação. Todas as agências de “informação” se preocupam com a possibilidade de agentes que têm relações extra-conjugais poderem ser chantageados por inimigos para obterem informação.
Nas últimas semanas, a CIA tinha estado sob fogo, devido ao assalto às instalações diplomáticas norte-americanas em Bengasi, na Líbia, na qual morreu o embaixador norte-americano, porque se veio a compreender que a agência secreta norte-americana teve um papel importante nas falhas de segurança que permitiram o atentado. Um artigo no Wall Strett Journal uma semana antes das eleições presidenciais, vários responsáveis da Admnistração Obama apontavam o dedo mesmo a Petraeus, e criticavam-no por ter gerido mal a controvérsia, e por parecer distraído e distante, e ter até informado mal a Casa Branca nos primeiros dias após o ataque. Devia testemunhar sobre este caso no Congresso na semana que vem, adianta a NBC.
Quanto a possíveis substitutos, o site Huffington Post cita o nome de Mike Vickers, que agora é subsecretário da Defesa para a Informação. Este responsável é o agente da CIA que liderou a guerra contra a União Soviética no Afeganistão que aparece retratado no livro (e também filme) Charlie Wilson’s War.