Murade Murargy, ex-Secretário Executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e nacional moçambicano, alertou para os entraves que dificultam a criação de um ambiente empresarial favorável nos países da CPLP.
Durante a sua intervenção no I Fórum do Pilar Económico e Empresarial da CPLP, realizado nos dias 4 e 5 de Junho em Lisboa, Murargy destacou que a burocracia, as elevadas taxas de juros e a corrupção são alguns dos factores que consomem recursos e comprometem o desenvolvimento da classe empresarial.
O ex-diplomata acrescentou que, aos desafios já mencionados, se soma o “egoísmo nacional” e a falta de uma abordagem panafricanista, mostrando uma resistência generalizada à cooperação intra-africana e Sul-Sul. A ausência de capital humano qualificado e a inoperância do sistema judicial foram igualmente mencionadas como barreiras significativas para a prosperidade económica na região.
Murargy, que dirigiu a sua carreira diplomática à promoção da cooperação económica, sublinhou a importância de um ambiente empresarial que não se limite apenas ao uso da língua portuguesa, mas que fomente a concretização de acordos comerciais que beneficiem os cidadãos. Mesmo com algumas mudanças positivas sob a presidência de Timor-Leste, o diplomata criticou a abordagem tradicional dos governos, que frequentemente priorizam a promoção da língua em detrimento de outros aspectos da cooperação.
O Fórum, que contou com a participação de várias personalidades, foi também um espaço para reflexões sobre a formação de recursos humanos. Murargy lamentou a falta de mão-de-obra qualificada, destacando a importância da educação como um pilar central para o desenvolvimento económico e social.
Além disso, o ex-Secretário Executivo chamou a atenção para os desafios enfrentados pelos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, que estão inseridos em comunidades económicas regionais como a SADC. Ele frisou que, para que os países da CPLP possam realmente beneficiar das suas potencialidades, é fundamental promover uma estratégia de formação e qualificação que permita aos cidadãos competir em um mundo em rápida transformação.
A conferência termina com um apelo para que a CPLP se torne um veículo eficaz de interligação entre diferentes comunidades regionais, potenciando a realização de políticas sinérgicas que ajudem a superar os obstáculos actualmente existentes.