O grupo armado M23, apoiado pela Ruanda, anunciou a tomada do controlo de Kavumu e das suas imediações, incluindo o aeroporto local.
A confirmação foi dada por Lawrence Kanyuka, porta-voz da Aliança Rio Congo (AFC-M23), através da rede social X, na véspera de uma cimeira da União Africana que se debruçará sobre a escalada de violência na região.
“Como temos sublinhado repetidamente, eliminámos a ameaça na origem. O aeroporto de Kavumu representava um perigo para a população civil nas áreas libertadas e para as nossas posições”, afirmou Kanyuka, referindo-se ao impacto da presença do M23 na segurança das comunidades locais.
A ofensiva do M23 continua a avançar no Kivu do Sul, com o grupo a dirigir-se para Bukavu, capital provincial com uma população superior a um milhão de habitantes. Apesar de ter declarado, a 3 de Fevereiro, que não pretendia tomar a cidade, a situação no terreno parece contradizer essa afirmação. Vídeos partilhados por jornalistas congoleses mostram os soldados do exército da República Democrática do Congo (RDCongo) a recuar em direcção a Bukavu com a chegada dos rebeldes a Kavumu.
A ocupação de Bukavu colocaria o M23 no controlo das duas capitais das províncias vizinhas do Kivu do Norte e do Kivu do Sul, regiões ricas em recursos minerais, como ouro e coltan, essenciais para a indústria tecnológica e produção de dispositivos electrónicos.
O M23 já havia tomado Goma, capital da província do Kivu do Norte e sede de várias organizações não governamentais e instituições da ONU, a 27 de Janeiro, após intensos combates que resultaram em quase 3.000 mortos e centenas de milhares de deslocados, segundo dados da ONU. Uma semana depois, o grupo anunciou um cessar-fogo unilateral por motivos humanitários, que foi rapidamente desrespeitado com o reinício de combates em Nyabibwe, a 100 quilómetros de Bukavu.
A acção militar do M23, composto principalmente por tutsis que sofreram o genocídio em Ruanda em 1994, gerou tensões com o governo ruandês, acusado pela RDCongo de apoiar o grupo rebelde, alegações corroboradas por investigações da ONU. Por outro lado, Ruanda e o M23 acusam o exército congolês de colaborar com as Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda (FDLR), um grupo insurgente fundado por exilados ruandeses.