Na região do Cuando e Cubango, situada no sudeste de Angola, cidadãos têm denunciado uma preocupante tendência de doação de sangue em troca de compensações financeiras.
Este fenómeno, que surge como consequência da crise económica que assola o país, tem levado muitos jovens a recorrer a esta prática em busca de meios para garantir a sua sobrevivência.
Com a escassez de doadores voluntários, um sistema informal tem-se instalado, onde a troca de sangue por dinheiro ou bens essenciais se tornou uma realidade. As autoridades locais e a sociedade civil expressam a sua preocupação em relação a esta situação, apelando ao Governo angolano para tomar medidas urgentes e eficazes que inibam esta prática.
Embora a doação de sangue possa ser vista como um gesto de necessidade e solidariedade, os especialistas alertam para o risco de violação da legislação angolana, que proíbe a comercialização de sangue e de outros componentes biológicos do corpo humano. A falta de fiscalização e o ambiente de precariedade económica contribuem para que esta situação se mantenha.
Adão Maick, um jovem de 34 anos que trabalha numa unidade sanitária, é um dos muitos que se viram obrigados a aderir à prática da “venda de sangue”. Envolvido no dia-a-dia da unidade, Adão testemunha a crescente falta de disponibilidade de sangue para os pacientes, o que o levou a considerar a doação em troca de compensações.