A situação de instabilidade na República Democrática do Congo (RDC) continua a deteriorar-se, com o recente confronto em Goma a resultar em 773 mortos e 2.880 feridos desde o início dos combates, no passado dia 26 de Janeiro.
As informações foram divulgadas pelo porta-voz do Governo e ministro da Comunicação, Patrick Muyaya, durante um comunicado emitido na noite de sábado.
O ministro descreveu as operações do exército ruandês na cidade de Goma como uma verdadeira “carnificina”. A cidade, que serve como capital da província de Kivu Norte, foi ocupada pelos rebeldes do Movimento 23 de Março (M23) e pelas tropas ruandesas, que, nas últimas semanas, avançaram para a vizinha província de Kivu Sul, aumentando a preocupação sobre a segurança da capital regional, Bukavu.
Patrick Muyaya garantiu que “nenhum destes crimes ficará impune”, prometendo medidas para responsabilizar os responsáveis pela violência.
Os combates em Goma, que ocorreram entre domingo e quinta-feira, resultaram em um número alarmante de fatalidades. Uma declaração da ONU, divulgada na sexta-feira, corroborou que pelo menos 700 pessoas perderam a vida e 2.800 foram feridas durante este período de intensos combates pelo controle da cidade.
A situação alarmante não passou despercebida aos líderes regionais. O Presidente do Burundi, Evariste Ndayishimiye, alertou que o conflito na RDC pode evoluir para uma guerra regional, destacando que “se o leste da RDC não tiver paz, a região não terá paz”. O presidente enfatizou que não apenas o Burundi, mas também países vizinhos como Tanzânia, Uganda e Quénia estão sob ameaça.
Em resposta à crise, o Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, manifestou o apoio do seu país aos esforços da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) para a restauração da paz na RDC. Chapo, após uma cimeira extraordinária da SADC em Harare, Zimbábue, afirmou que Moçambique continuará a apoiar as iniciativas mediadas por Angola, entretanto, não se comprometeu a enviar tropas para a missão da SADC na RDC, que contará apenas com forças da África do Sul, Tanzânia e Malaui.
A RDC alega que o Ruanda está a tentar pilhar os recursos naturais da região, enquanto o governo ruandês desmente essa acusação, assegurando que as suas operações visam erradicar grupos armados formados por ex-líderes hutus, que estiveram envolvidos no genocídio dos tutsis em 1994.
Além da violência, a epidemia também se torna uma preocupação crescente, com Jean Kaseya, director do Centro para o Controlo e Prevenção de Doenças de África, a alertar para o risco de surtos. A nova variante do vírus Mpox, que se disseminou rapidamente por várias nações em 2024, foi recentemente detectada pela primeira vez em Kivu Sul.