As autoridades da República Democrática do Congo (RDCongo) solicitaram uma reunião extraordinária das Nações Unidas, uma iniciativa que conta com o apoio de diversos países membros do Conselho de Segurança e observadores internacionais.
A informação foi confirmada pelo porta-voz Pascal Sim, durante uma conferência em Genebra.
A solicitação ocorre em um momento crítico para a RDCongo, onde a situação se agrava devido ao avanço do Movimento 23 de Março (M23) e das tropas ruandesas no leste do país. Hoje, cerca de 2.000 cidadãos congoleses manifestaram-se em frente à delegação da União Europeia (UE) em Pretória, na África do Sul, exigindo sanções europeias contra o Ruanda.
A manifestação foi convocada em resposta à recente tomada da cidade de Goma, um importante centro urbano da região, pelas forças do M23 e pelas tropas de Ruanda.
Elie Kalonji Ikasereka, um dos manifestantes e comerciante congolês radicado na África do Sul, comparou a situação da RDCongo à da Ucrânia, apelando à UE para que imponha medidas semelhantes às que aplicou à Rússia, dirigidas ao governo do presidente ruandês, Paul Kagame. “Não temos problemas com o povo ruandês, mas sim com o seu líder”, afirmou Ikasereka.
A insatisfação dos manifestantes também se dirigiu à UE, que foi acusada de conivência na exploração dos recursos minerais da RDCongo. Monique Mbiya Nkolombo, outra participante da manifestação, denunciou que “a UE está a apoiar o Ruanda para pilhar os nossos minerais” e exigiu uma abordagem mais transparente nas relações comerciais entre a Europa e a RDCongo.
A rede Europa-África Central (Eurac), composta por cerca de 30 Organizações Não-Governamentais europeias dedicadas à análise da região dos Grandes Lagos, também criticou a UE, afirmando que a sua política “alimentou a escalada das tensões regionais”.
Embora os combates em Goma tenham cessado, a região continua a ser palco de confrontos, particularmente na província vizinha de Kivu do Sul, o que levanta preocupações sobre a possível expansão do conflito para a capital provincial, Bukavu. Durante a manifestação, ativistas como Chriss Zas’s expressaram a sua frustração com a falta de ação da comunidade internacional em proteger os interesses e a segurança dos congoleses: “Não há vozes que ameacem Kagame de forma pragmática. Nós, os congoleses, estamos a sofrer”.