A recente onda de manifestações em Moçambique, que resultou na destruição de pelo menos dez indústrias e vandalização de outras 500, levantou questões importantes sobre a cobertura de seguros em situações de risco político.
Em entrevista ao jornal “Notícias”, Momade Ali Macusse, secretário-geral da Associação Moçambicana de Seguradoras, esclareceu que as apólices de seguro geralmente não cobrem danos causados por atos de vandalismo, saques e destruição associados a manifestações, uma vez que estes são considerados riscos políticos, semelhantes a cenários de guerra e terrorismo.
Os tumultos deixaram cerca de 12 mil pessoas sem emprego e geraram um clima de incerteza entre os clientes das seguradoras. Momade Macusse detalhou que, em condições normais, as apólices não incluem prejuízos decorrentes de eventos políticos. “As condições da apólice numa situação normal não cobrem riscos políticos. O sentido próprio do seguro não prevê danos inerentes às manifestações”, afirmou, referindo-se à preocupação sentida durante a quadra festiva, onde as seguradoras enfrentaram dificuldades em garantir coberturas claras para os seus clientes.
Embora reconhecendo a apreensão dos clientes face a esta realidade, Macusse destacou que é complexo para as seguradoras responderem a situações que não estão previstas nos contractos.
Contudo, fez um apelo para que os clientes procurem informação junto das suas seguradoras para melhor compreenderem as condições específicas das suas apólices, sublinhando que “todo e qualquer risco pode ser coberto, desde que contratado”.
Momade Macusse também incentivou os segurados a explorarem possibilidades de cobertura adicional, caso tenham interesse em se proteger contra danos relacionados a manifestações. “Se determinado cliente achar que quer se sentir mais protegido, pode, com a sua seguradora, encontrar uma forma mediana de cobrir este dano”, explicou.
Além disso, o secretário-geral da Associação Moçambicana de Seguradoras mencionou que, embora as seguradoras façam parte de um sector económico que também sofre o impacto das manifestações, ainda não existem dados estatísticos disponíveis, uma vez que está em curso um trabalho de colecta de informações precisas.