A Puma Energy e a distribuidora Engen alertaram para a possível redução no fornecimento de combustíveis, devido a dificuldades na importação destes produtos, causadas pela escassez de divisas nos bancos comerciais.
A situação poderá agravar-se, com impacto no abastecimento e uma possível subida de preços.
Segundo um comunicado a que o jornal O País Económico teve acesso, a Puma Energy afirmou que enfrenta desafios na aquisição de combustíveis no mercado internacional, o que poderá resultar em escassez nas bombas de combustível e, possivelmente, um aumento do preço.
A empresa destaca que as suas importações foram severamente afectadas e, caso não haja uma solução nos próximos três dias úteis, será necessário reavaliar as operações, com potenciais cortes temporários no fornecimento aos clientes.
No documento, a distribuidora atribui a escassez de combustível à antiga e contínua falta de divisas nos bancos comerciais nacionais, um problema amplamente denunciado pelo sector privado.
A direcção da Puma Energy, num comunicado de 7 de Outubro dirigido aos seus revendedores e principais clientes, com cópia para a Autoridade Reguladora de Energia (ARENE) e a Direcção Nacional de Hidrocarbonetos, descreve o desafio de obter as garantias financeiras necessárias para continuar a importar combustíveis.
A Puma Energy, no entanto, assegura que está a tentar minimizar os efeitos da crise, mantendo contacto com o Governo e os bancos para encontrar uma solução rápida.
A Engen, outra distribuidora de combustíveis, também está a enfrentar perdas e foi forçada a suspender o fornecimento a alguns clientes, violando assim certos contractos. Num comunicado enviado a um dos seus parceiros, intitulado “Redução temporária da capacidade de abastecimento”, a Engen admite estar sem stock suficiente, solicitando aos seus clientes que procurem abastecimento junto de outros distribuidores até que a situação se normalize.
Este cenário de crise nas divisas não é novo. Há cerca de dois anos que o sector privado moçambicano alerta para as dificuldades em obter moedas estrangeiras essenciais para as transacções comerciais, com destaque para o dólar.
Segundo o governador do Banco de Moçambique, este problema poderá ser resolvido, mas enquanto isso não acontece, há o risco de a crise afectar mais operadores do sector.
De recordar que o Banco de Moçambique deixou de apoiar financeiramente a importação de combustíveis líquidos há dois anos, uma medida que anteriormente cobria 50% das divisas necessárias.
Em contacto com a Autoridade Reguladora de Energia, a instituição confirmou ter recebido o comunicado da Puma, mas ainda não emitiu uma posição formal, pois aguarda a avaliação do impacto da situação.
No entanto, assegura que, até à semana passada, o fornecimento de combustível no país estava estável e sem sinais de alteração iminente.