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Gaza: 150 mil palestinianos deslocados em apenas 48 horas após ordem de evacuação

Nos últimos dois dias, cerca de 150 mil palestinianos na Faixa de Gaza foram obrigados a deixar as suas casas após uma ordem de evacuação emitida por Israel para bairros na zona oriental de Khan Yunis, informou uma organização não-governamental (ONG).

Segundo o Conselho Norueguês para os Refugiados (NRC, na sigla em inglês), muitos destes deslocados procuraram refúgio em Al-Mawasi, uma área a oeste de Khan Yunis (sul de Gaza), que apesar de ser designada pelo exército israelita como “zona humanitária”, foi alvo de diversos ataques e onde as hostilidades “podem explodir” a qualquer momento.

“A maioria das operações israelitas inicia-se após a meia-noite, obrigando as pessoas a fugir para qualquer lugar em busca de segurança”, afirmou Salma Altaweel, responsável da equipa de apoio do NRC em Gaza, num comunicado.

Altaweel destacou que muitos dos deslocados acabam em condições “piores do que as que deixaram” e permanecem nesses locais por semanas ou meses, sem conseguirem estabelecer-se definitivamente. Ela mencionou o caso da sua própria família, que já foi deslocada 11 vezes.

Além disso, Salma acusou Israel de “obstrução sistemática” à entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, bem como de ataques contínuos às instalações, funcionários e pontos de distribuição das ONG. Este bloqueio tem impedido a equipa do NRC de receber mantimentos desde o dia 3 de Maio.

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“É a primeira vez que me sinto incapaz de ajudar os outros. Como cooperante, é doloroso não poder fazer nada”, lamentou a coordenadora humanitária.

Essa obstrução também é evidente no norte da Faixa de Gaza, onde, segundo a coordenadora, “não resta nada que se assemelhe à vida” e onde os preços dos bens continuam a subir.

“Quando se vê a corrida desesperada em torno dos dois únicos camiões de ajuda que chegaram há semanas, como as crianças não conseguem levantar-se e andar, e as mortes por subnutrição entre os menores, não se tem dúvidas do que se passa aqui”, afirmou.

Altaweel também ressaltou o impacto do conflito na educação das crianças de Gaza, descrevendo uma geração “a perder-se” devido à destruição de escolas causada pelos combates.

“Para retomar a educação, vamos precisar de dois ou três anos”, estimou.

Em resposta a esta crise, o NRC lançou um programa de educação em situações de emergência em quatro locais para deslocados internos em Deir al-Balah, no centro da Faixa de Gaza, com o objetivo de atender às necessidades educativas e psicossociais de 2.000 crianças.