O Banco de Moçambique considera que o endividamento interno do Estado mantém-se elevado, segundo consta da mais recente publicação do Boletim de Conjuntura Económica e Perspectivas de Inflação.
A instituição justifica que entre Dezembro de 2021 e Março de 2022 a dívida interna do Estado incrementou em 20 453 milhões de meticais, a reflectir, essencialmente, a utilização de Bilhetes do Tesouro para o financiamento do défice da conta corrente num contexto de fraca procura por títulos da dívida pública no mercado de capitais (obrigações do tesouro).
No documento, o Banco Central considera ainda que a dívida pública interna, excluindo os contratos de mútuo e locação e as responsabilidades em mora, aumentou de 220.6 mil milhões, em finais de Dezembro de 2021, para 242,3 mil milhões de meticais, em Março.
Analisando os preços das principais mercadorias e dinâmica das moedas dos parceiros comerciais de Moçambique, o banco destaca que a reabertura das economias e a eclosão da tensão geopolítica entre Rússia e Ucrânia estão a pressionar os valores de transacção das principais mercadorias.
Salienta que o agravamento do conflito russo-ucraniano, num contexto de relaxamento das medidas restritivas para a contenção do covid-19, contribuiu para o aumento do preço das mercadorias e destaca a subida do preço do brent e do trigo como aqueles que tem maior impacto na inflação doméstica, dado o seu peso no cabaz do Índice do Preço no Consumidor (IPC).
Entre Janeiro e Março o preço do brent incrementou em 49%, e o do trigo em 45%, tendência que se espera manter ao longo de 2022.
Segundo o Banco de Moçambique, a nível das mercadorias de exportação, a evolução favorável dos preços que se observa na generalidade dos produtos poderá amortecer o impacto negativo da possível contracção da procura externa na economia doméstica. O realce vai para o aumento, em cerca de 20%, do preço do alumínio e do carvão térmico nos primeiros três meses do ano.
Ainda de acordo com o banco, desde finais de Janeiro de 2022 até à segunda semana de Março de 2022, o Índice Composto do dólar registou ganhos acumulados face às principais moedas de transacção (euro, rand, libra e iene japonês).
Entre os factores determinantes deste comportamento, destacam-se a tensão geopolítica e o aumento da taxa de juro de política monetária pelo FED – Reserva Federal Norte-americana.