O contestado Presidente do Quirguistão, Sooronbai Jeenbekov, ordenou ontem, sexta-feira (09) a imposição do estado de emergência na capital, para tentar pôr termo aos tumultos motivados por uma disputada eleição legislativa.
Sooronbai Jeenbekov decretou que a medida deve vigorar entre as 20h de hoje e as 20h de 21 de outubro, podendo incluir um recolher obrigatório e restrições nas deslocações.
O Presidente ordenou ainda que os militares coloquem tropas na capital, Bishkek, para reforçar a medida.
Esta semana, violentas manifestações pós-eleitorais abalaram o país, num movimento de contestação para denunciar fraudes no escrutínio de domingo, do qual saíram vencedores dois partidos próximos do chefe de Estado.
Os manifestantes irromperam na sede do Governo, do Parlamento, da câmara municipal de Bishkek e do Comité de segurança do Estado, onde libertaram o ex-Presidente Aslambek Atambayev e outros ex-altos responsáveis, que se encontravam detidos por vários delitos.
Entre os 16 partidos que participaram nas eleições legislativas de domingo, 11 apelaram aos protestos para exigir a anulação dos resultados, que consideraram fraudulentos.
A Comissão eleitoral central anulou na terça-feira os resultados das legislativas, uma decisão adotada por unanimidade para “impedir o aumento da tensão no país”, que não diminuíu.
Os confrontos na capital do Quirguistão, Bishkek, já causaram pelo menos um morto e centenas de feridos.
Na terça-feira, o Parlamento designou Sadyr Zhaparov como novo primeiro-ministro, mas a decisão foi de imediato contestada por outros grupos de manifestantes, agravando a situação de caos.
Atambayev dirigiu-se esta sexta-feira aos manifestantes que ocupavam o centro de Bishkek, exortando ao fim da violência. “Sou contra o uso da força, tudo deveria ser feito através de meios pacíficos”, disse.
Esta antiga república soviética, a mais pluralista, mas também a mais instável da Ásia Central, já foi palco de duas revoluções e viu três Presidentes detidos ou exilados desde a independência da antiga União Soviética.
A Rússia, um dos principais aliados de Bishkek, já manifestou a sua preocupação pelos tumultos e apelou a uma solução no quadro constitucional.