Depois de, em 2016, o Facebook ter sido utilizado para manipular eleitores norte-americanos a votarem em Donald Trump, como foi revelado em 2018 com o escândalo Cambridge Analytica, a rede social tem um plano para evitar ser novamente uma arma.
A notícia é avançada pelo The New York Times, que afirma que a empresa liderada e fundada por Mark Zuckerberg está a preparar-se para um cenário em que o atual presidente dos EUA usa o Facebook para dizer, erradamente, que ganhou mais um mandato.
De acordo com o mesmo jornal, Zuckerberg e alguns dos seus executivos mais chegados estão a ter reuniões diárias caso a rede social seja o campo de batalha para um pós-eleições conturbado. Em cima da mesa estará também um “botão de emergência [Kill Switch, em inglês” que desligará automaticamente todos os anúncios políticos no dia a seguir às eleições.
Esta questão tem-se tornado um problema desde que Zuckerberg assumiu que a rede social não pode moderar todos os conteúdos políticos porque isso pode impedir a liberdade de expressão. À semelhança do Twitter, o Facebook removeu conteúdos falsos publicados nas contas de Donald Trump. Porém, nunca o fez de forma tão flagrante como o Twitter, tendo permitindo, pelo princípio da liberdade de expressão, que conteúdos com desinformação continuassem na rede social.
A preocupação do Facebook é também transversal ao YouTube e ao Twitter. No caso de os resultados eleitorais de novembro criarem dúvidas ou forem contestados por Trump, o que se prevê que vá acontecer, estas plataformas digitais vão ser a frente do diálogo que poderá ser feito para criar confusão junto dos eleitores.
Isto tudo, porque, em 2016, quando a Cambridge Analytica utilizou indevidamente 87 milhões de perfis de Facebook para influenciar as eleições, o preço não foi pequeno (cinco mil milhões de dólares, cerca de 4,5 mil milhões de euros). Além disso, em abril deste ano, o Senado dos EUA deu como provado que a Rússia interferiu nas eleições para dar a vitória a Donald Trump. Como? Através de publicações em massa no YouTube, Twitter e Facebook para desinformar os eleitores.
Numa entrevista ao New York Times este mês, Mark Zuckerberg afirmou que pode demorar “dias ou semanas” para se fazer a contagem, e que não haverá um problema com isso. A Casa Branca, em resposta à notícia, afirmou ao jornal que “o presidente Trump continuará a trabalhar para garantir a segurança e integridade das eleições”.