Os governos de Níger e Costa do Marfim, ambos na froteira com o Mali, suspenderam todas as relações econômicas com o país vizinho, um protesto contra o golpe de Estado que resultou na queda do presidente Ibrahim Boubacar Keita e na dissolução do Parlamento.
A Costa do Marfim anunciou na quarta-feira 19, a suspensão de “todas as relações econômicas, financeiras e comerciais” com o Mali até que a ordem constitucional seja restabelecida. A medida foi muito mal recebida no Mali, onde foi vista como um empenho pessoal do presidente marfinense, Alassane Ouattara.
Nesta quinta-feira 20, foi a vez do Níger, que seguiu o exemplo da Costa do Marfim usando quase os mesmos termos: “suspensão de todas as transações financeiras, econômicas e comerciais até a retirada dos militares da cena política e o restabelecimento da ordem constitucional”.
A CEDEAO (Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental), à qual pertencem Mali, Níger e Costa do Marfim, realizou nesta quinta-feira uma reunião extraordinária para discutir a situação no Mali, da qual se espera o anúncio de sanções contra o país.
A CEDEAO tenta há vários meses mediar a relação entre o governo de Ibrahim Boubacar Keita e a oposição reunida na coalizão M5-RFP, mas sem resultados. Os opositores rejeitaram qualquer solução que não incluísse a renúncia do presidente.
Histórico
Soldados amotinados tomaram o poder no Mali, nesta terça-feira (18), na capital Bamako. A ação partiu de uma base militar em Kati, que fica próxima da capital. Após prenderem o presidente Ibrahim Boubacar Keita e o primeiro ministro, Boubou Cisse, eles foram até a TV estatal anunciar o golpe.
Eles anunciaram uma “comissão nacional de salvação pública” e disseram vão convocar as eleições “dentro de um prazo razoável”, após também dissolverem a Assembleia Nacional.