Economia Atraso de reembolsos abala contas do FDA

Atraso de reembolsos abala contas do FDA

A demora que se regista no reembolso do dinheiro por parte dos mutuários está a fragilizar a capacidade do Fundo de Desenvolvimento Agrário (FDA) de dar resposta a novos pedidos de crédito que continuam a fluir.

Pouco mais de 1.6 bilião de meticais foi aplicado no financiamento de diversas linhas de crédito agro-pecuárias, de 2006 a esta parte, dos quais apenas 164 milhões de meticais é que foram reembolsados, valor “longe do desejado”, na óptica do respectivo presidente do Conselho de Administração desta instituição pública vocacionada ao suporte de programas agrários.

Eusébio Tumuitikile disse que um dos grandes desafios actuais do Fundo que dirige é sensibilizar os mutuários para reembolsarem o dinheiro e/ou a aproximarem-se para discutir possibilidades e modalidades de reprogramação da amortização dos créditos.

Face aos fracos níveis de reembolso, na campanha agrária 2016/17 o FDA praticamente não financiou nenhum programa, de acordo com Tumuitikile.

Criado pelo decreto 21/2006 de 29 de Junho, como resultado da fusão dos fundos para o Desenvolvimento da Hidráulica Agrícola e o de Fomento Agrário, o FDA vê-se agora obrigado a recorrer a uma chamada de mutuários através de anúncios nos órgãos de comunicação social, deixando claro que vai levar à Justiça os que não honrarem os seus compromissos.

Embora a chamada esteja ainda em curso, o PCA garantiu, ontem, que já há “alguns” produtores com amortizações atrasadas que se aproximaram da instituição para recomeçar o pagamento e/ou propor novo calendário de devolução dos fundos devidos.

Tirando algumas linhas de actividades de ciclos longos, o FDA tem também canais de financiamento reembolsáveis de curta duração, a exemplo da avicultura.

É nesse sentido que mesmo a seca que se fez sentir nos últimos, prejudicando a produção agrícola e pecuária, não pode ser totalmente usada para justificar os fracos reembolsos.

O espírito do FDA é de financiar pequenos produtores para que se tornem entidades viradas ao mercado. Mesmo no actual cenário, a instituição garante que há casos de sucesso, nos quais mutuários simples e que só produziam para auto-sustento se tornaram agricultores e/ou criadores de gado focados para comercialização.

Jornal Notícias