Os trabalhadores moçambicanos exigem a distribuição equitativa da riqueza, a redução do fosso entre ricos e pobres e combate à criminalidade em Moçambique. Estes dizeres e cânticos foram apresentados ontem durante os desfiles realizados na Praça dos Trabalhadores, pela passagem do Dia Internacional dos Trabalhadores.
Tudo indica que as pessoas já estão a perder o medo e a ganhar a coragem para chamarem as coisas pelos nomes. Alguns funcionários públicos de instituições do Estado, como é o caso dos ministérios das Obras Públicas e Habitação, da Saúde, e os do Conselho Municipal de Maputo cantaram e exibiram dísticos com os problemas que os apoquentam, enquanto desfilavam diante da tribuna onde se encontravam David Simango, presidente do Conselho Municipal da cidade de Maputo, e Marcelino dos Santos, veterano da Luta da Libertação Nacional.
Hospitais
Os funcionários do Hospital Central de Maputo e e do Hospital “José Macamo” empunhavam dísticos que tinham dizeres como “Queremos salários iguais para todos”. Eles passaram diante da tribuna entoando cânticos em que questionavam como é que iriam votar nas próximas eleições se o reajustamento de salários da passada terça-feira nem chega para comprar 25 quilos de arroz.
“Os nossos filhos correm o risco de serem marginais por falta de condições para cuidar deles ou lhes dar educação. Com o aumento de 8% nada podemos fazer”, disseram os funcionários da Saúde.
FARMAC
A FARMAC é uma empresa estatal. Durante o desfile, os trabalhadores exigiram direitos iguais para todos os trabalhadores moçambicanos. Exigiram igualmente a regulamentação da actividade do Sindicato da Função Pública e diálogo efectivo. Em contrapartida, outra empresa estatal que seguia a FARMAC, a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos, cantava hosanas ao Governo, dizendo que os trabalhadores organizados do Rovuma ao Maputo sempre vencerão.
FAROSEL
Esta empresa dedica-se ao fabrico de material diverso, incluindo géneros alimentícios. Nos seus dísticos, os trabalhadores questionavam quando é que o crescimento económico do país se vai reflectir na vida da população. A empresa ABC dizia, por exemplo, que o Presidente da República e os deputados da Assembleia da República têm salários milionários. Do lado do povo, o sofrimento começa nas carrinhas de caixa aberta que transportam passageiros na cidade de Maputo.
Conselho Municipal de Maputo
Os trabalhadores do Conselho Municipal de Maputo, a maior parte deles afectos na direcção de salubridade e cemitérios, dirigindo-se ao presidente do CM de Maputo, disseram que com os 8% não dá para votar mais.
“Game Maputo”
Os trabalhadores da empresa “Game Maputo” disseram que, para trabalhar naquela empresa, é preciso ter muita força. Os trabalhadores do Grupo Momed Bachir Suleimane disseram que há 20 a receber salário mínimo.
“Abaixo Racismo no MBS”, “Abaixo exploração do homem pelo homem”, lia-se nos dísticos dos trabalhadores do MBS.