O Governo de Moçambique anunciou que cerca de duas mil e quinhentas pessoas poderão perder os seus empregos em decorrência do encerramento das operações da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) no país.
A informação foi divulgada pela ministra do Trabalho, Género e Acção Social, Ivete Alane, durante uma declaração na quinta-feira (03).
“Do último encontro que tive com o grupo das organizações que se beneficiavam do financiamento, falavam de 2.500 postos de trabalho, e acredito que esse número deve ser mais ou menos isso”, afirmou a ministra, sublinhando a gravidade da situação.
Ivete Alane destacou a preocupação com a perda de empregos, considerando que isso representa um problema significativo para a economia moçambicana. “A nossa expectativa é que a economia floresça para se poder produzir empregos em Moçambique”, acrescentou.
Em Fevereiro deste ano, o embaixador dos Estados Unidos em Moçambique havia alertado, através de um telegrama, que a retirada dos funcionários da USAID resultaria em incertezas para 114 iniciativas de financiamento em curso, além de afectar 225 trabalhadores juniores.
O encerramento da USAID tem sido alvo de críticas por parte de especialistas em ajuda humanitária e organizações internacionais, que enfatizam que a sua saída deixa uma lacuna significativa nos programas de saúde, educação e resposta a crises humanitárias.
Um estudo coordenado pelo Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal) e publicado na revista The Lancet apontou que os cortes na ajuda norte-americana podem resultar em mais de 14 milhões de mortes “evitáveis” até 2030. O estudo destacou que a USAID teve um papel crucial na redução da mortalidade por VIH/SIDA, malária e doenças tropicais negligenciadas em todo o mundo.