Economia Mega-projectos criam dependência excessiva das empresas prestadoras de serviços

Mega-projectos criam dependência excessiva das empresas prestadoras de serviços

O Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE) apresentou recentemente ao sector privado, em Maputo, os resultados de duas pesquisas sobre as “Tendências do Investimento Privado em Moçambique: Questões para Reflexão” e as “Ligações entre Grandes Projectos de Investimento Estrangeiro e Fornecedores Locais: Promessa de Desenvolvimento”.

A apresentação foi feita num seminário enquadrado no projecto de diversificação e articulação da base produtiva e comercial no País, desenvolvido por aquela instituição de pesquisa científica interdisciplinar, em parceria com o FAN-Fundo para Ambiente de Negócios e a CTA-Confederação das Associações Económicas de Moçambique, visando apoiar o desenvolvimento do sector privado.

Consta da pesquisa, que o facto de os níveis de investimentos tenderem a crescer anualmente, no País, não implica que haja uma melhoria nas condições de operação do sector privado. Mas, conforme acrescenta, isso tem implicações pois grande parte do montante destes investimentos é de capitais estrangeiros.

O estudo revela ainda que o acesso aos recursos naturais constitui a fonte de acumulação privada e que pouco tem sido feito fora desta dinâmica, o que gera uma dependência em relação aos megaprojectos, tornando a economia e o empresariado nacionais muito volátil e vulnerável, respectivamente.

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Para a economista e analista do IESE, Nelsa Massingue, os estudos ora apresentados mostram ainda que existe uma ligação entre os megaprojectos de investimento estrangeiro e os fornecedores locais, que traz sucesso para algumas empresas locais, mas que também se torna incipiente, porque quando os contratos terminam essas empresas não têm como encontrar, no mercado nacional, formas de aplicar a experiência que adquiriram durante a relação com os grandes projectos.

Importa referir que o facto de a pesquisa do IESE, colocar, a dado passo, a questão de a maior parte dos megaprojectos possuirem o mercado no exterior, o seu contributo para as exportações do País tende a ser muito alto ao longo dos anos, tornando a balança comercial superavitária.

“Muitos estudos do IESE mostram que este superavit tem impacto não muito significativo na balança de transacções correntes, isto porque a balança de capitais é deficitária e os seus défices tendem a superar o efeito positivo da balança comercial, fazendo com que a balança global se mantenha deficitária”, conclui o documento.