Apenas 2% dos moçambicanos é que têm saldo positivo nas suas contas bancárias, segundo resultados de um estudo sobre orçamento familiar, feito pelo Instituto Nacional de Estatística. O Estudo foi divulgado na passada sexta-feira pelo Banco de Moçambique (BM) na cidade da Matola, no decurso do seu trigésima oitavo Conselho Consultivo.
O estudo, de acordo com o governador do Banco de Moçambique, Ernesto Gove, tinha como principal objectivo medir a capacidade de poupança dos moçambicanos tendo em conta a sua importância para a realização de investimentos tanto a nível familiar bem como na economia nacional.
No total, o estudo, de acordo com o BM, abrangeu 10.790 agregados familiares distribuídos proporcionalmente por 1.060 áreas das zonas rurais e urbanas das três regiões nacionais, nomeadamente: norte, centro e sul, tendo constatado que dos cerca de 24 milhões de habitantes existentes em Moçambique 98% tinham soldos negativos nas suas contas bancárias, ou seja, não tinham poupança.
O mais grave, de acordo com os dados, é que mesmo dos 2% dos moçambicanos com saldos positivos só depositam apenas 0,02% dos seus rendimentos, o que significa que mesmo aqueles que têm capacidade de poupar, poupam muito pouco.
O fraco rendimento da maioria da população moçambicana é apontado pelos resultados do estudo como a principal razão desta triste realidade.
Ainda segundo o estudo, esta situação fica a dever-se também ao fraco nível de escolaridade da maioria dos moçambicanos.
Pessoas do nível básico poupam mais do que os do superior
Curiosamente, apesar de os resultados do estudo indicarem que as pessoas de baixo nível escolar pouparem pouco, por outro lado os mesmos revelam que as pessoas de nível superior poupam menos do que as de nível básico.
O facto de as pessoas de nível superior terem mais alternativas para poderem fazer os seus investimentos, através de empréstimos bancários, uma vez que os seus rendimentos mensais são superiores e por via disso permite-lhes ter acesso ao financiamento bancário com facilidade, é apontado pelo estudo como a principal razão desta curiosa realidade.
Em termos de idade, o estudo refere que as pessoas de idades compreendidas entre 18 e 30 anos poupam mais do que os de idades entre 31 e 45 anos.
No que concerne à localização, o estudo indica que as pessoas que vivem nas zonas urbanas poupam mais do que as que residem nas zonais rurais.
Esta situação, de acordo com os dados, fica a dever-se ao facto de as zonas rurais terem uma fraca cobertura da rede bancária, razão pela qual os residentes destas zonas terem poucas alternativas para depositar as suas poupanças.