O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, recebeu neste domingo o relatório das investigações acerca do suposto uso de armas químicas na Síria. Segundo a ONU, Ban apresentará na manhã desta segunda-feira as conclusões do relatório ao Conselho de Segurança.
O documento foi entregue a Ban pelo professor Ake Sellström, que liderou a missão da ONU na Síria. De acordo com a ONU, o secretário-geral reunirá a portas fechadas com os membros do Conselho de Segurança na manhã de segunda-feira, quando apresentará as principais conclusões do documento. No início da tarde, Ban fará um pronunciamento à imprensa.
O relatório sobre a Síria vai limitar-se a certificar – a partir da análise de amostras “biomédicas” e “ambientais” colectadas no terreno – se ocorreu uso de armas químicas na região de Quta Oriental, na periferia de Damasco, no dia 21 de Agosto. No entanto, o documento não indicará quem pode ser o suposto responsável pelo ataque, já que não tem poder para isso.
Ban surpreendeu na sexta-feira passada ao dizer, num acto na sede da ONU fechado para a imprensa e transmitido pelo sistema interno de televisão, que o relatório será “arrasador” na conclusão do uso das armas, embora ele não pudesse afirmar nada publicamente até que o recebesse. O secretário-geral também ressaltou que o regime de Bashar al Assad cometeu “muitos crimes contra a humanidade”, e mostrou-se “convencido” quanto à necessidade da abertura de “um processo para que os responsáveis sejam levados perante a Justiça”, após o desfecho do conflito.
EUA e Rússia costuram acordo
A apresentação do relatório ocorrerá após o fecho de um acordo entre os responsáveis das Relações Exteriores dos Estados Unidos e Rússia, John Kerry e Sergei Lavrov, respectivamente, realizado em Genebra na última sexta-feira. O tratado estabelece que o arsenal químico sírio ficará sob o controle da comunidade internacional para que, depois, possa ser desmantelado.
Esse acordo afasta, por enquanto, a possibilidade de uma intervenção militar internacional contra o regime sírio liderada pelos Estados Unidos. Mesmo assim, os EUA, assim como os seus aliados no Conselho de Segurança – Reino Unido e França – ainda defendem o uso da força como uma opção caso Assad descumpra o acordo, uma medida que Rússia e China rejeitam totalmente. A ameaça do uso da força contra a Síria “é real” caso o acordo não seja cumprido, advertiu Kerry neste domingo durante uma visita a Israel.
A Síria fez uma solicitação à ONU nos últimos dias para passar a integrar a convenção Internacional para a Proibição das Armas Químicas, e Ban anunciou no sábado que já recebeu os documentos necessários do país.
“De acordo com a Convenção, qualquer Estado poderá aderir a ela a qualquer momento. A Convenção entrará em vigor para a Síria no 30º dia após a data de depósito do seu instrumento de adesão, ou seja, no dia 14 de Outubro de 2013”, explicou um comunicado do porta-voz das Nações Unidas.