A comida desperdiçada no mundo responde por mais emissões de gases causadores de efeito estufa do que qualquer país, excepto China e Estados Unidos, disse a ONU num relatório divulgado nesta quarta-feira (11).
Todos os anos, cerca de um terço de todos os alimentos para consumo humano, aproximadamente 1,3 bilião de toneladas, é desperdiçado, juntamente com toda a energia, água e produtos químicos necessários para produzi-la e descartá-la.
Quase 30 por cento das terras agrícolas do mundo, e um volume de água equivalente à vazão anual do rio Volga, são usadas em vão.
No seu relatório intitulado “A Pegada do Desperdício Alimentar”, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e a Alimentação (FAO) estima que a emissão de carbono dos alimentos desperdiçados equivale a 3,3 biliões de toneladas de dióxido de carbono por ano.
Se fosse um país, seria o terceiro maior emissor do mundo, depois da China e dos Estados Unidos, sugerindo que um uso mais eficiente dos alimentos poderia contribuir substancialmente para os esforços globais para reduzir as emissões de gases do efeito estufa e diminuir o aquecimento global.
No mundo industrializado, a maior parte do lixo vem de consumidores que compram muito e atiram para o lixo o que não comem. Nos países em desenvolvimento, a causa principal é a agricultura ineficiente e falta de instalações de armazenamento adequadas.
“A redução de desperdício de alimentos não só evitaria a pressão sobre recursos naturais escassos, mas também diminuiria a necessidade de aumentar a produção de alimentos em 60 por cento, a fim de atender a demanda da população em 2050”, diz a FAO.
A organização sugere que se melhore a comunicação entre produtores e consumidores para gerenciar a cadeia de suprimentos de forma mais eficiente, bem como investir mais na colheita, resfriamento e métodos de embalagem.
A FAO disse também que os consumidores no mundo desenvolvido devem ser encorajados a servir pequenas porções e fazer mais uso das sobras. As empresas devem dar comida excedente à instituições de caridade, e desenvolver alternativas para o despejo de resíduos orgânicos em aterros sanitários.
A FAO estima o custo do desperdício de alimentos, excluindo os peixes e frutos do mar, em cerca de 750 biliões de dólares por ano, com base em preços de produção.
O desperdício de alimentos consome cerca de 250 quilómetros cúbicos de água e ocupa cerca de 1,4 bilião de hectares – grande parte deles eram habitats naturais transformados para tornar-se arável.