O ministro da Agricultura, José Pacheco, que enquanto ministro do Interior em 2008 chamou de “vândalos” a população que saiu à rua para manifestar-se contra a subida da tarifa de transporte, voltou a dar nome aos cidadãos, desta vez não só a moçambicanos, mas também a brasileiros e a japoneses. Disse que os críticos do programa ProSavana são “conspiradores e manipuladores” que querem que “Moçambique continue a importar comida que pode produzir”.
Os movimentos de defesa dos camponeses de Moçambique, Brasil e Japão estiveram reunidos na semana passada em Maputo para discutir o programa ProSavana. Este movimento entende que o ProSavana está associado à usurpação de terra.
Convidado pela Reportagem do Canalmoz a comentar este posicionamento, José Pacheco expressou-se nos seguintes termos: “Estamos perante a deturpação do conceito de ProSavana. Pode-se estar a conspirar para manter Moçambique dependente da importação de comida que podemos produzir aqui. Então, deturpam e manipulam a informação para continuarmos a comer galinha cozida importada, que às vezes chega fora do prazo e com problemas sanitários enquanto o nosso País pode produzir galinha. Mas para produzir essa galinha barata, temos que produzir soja e milho para fazermos as rações. Isso é o que queremos fazer aqui. Não há nenhuma usurpação de terra”, disse o ministro.
“Você está apostado em ver fracasso de projectos em Moçambique?”
Ainda procurámos saber do ministro Pacheco o que garante que ProSavana, à semelhança de outros programas agrícolas como o PROAGRI, PAPA, REVOLUÇÃO VERDE, não vai falhar, ao que respondeu: “Você está apostado em ver fracasso de projectos em Moçambique? Não quer ver o País a prosperar?”,esquivou-se.
Sociedade civil
O padre Carlos Matsinhe, da ORAM, exigiu uma reflexão honesta e transparente para salvaguardar o futuro das populações dos 14 distritos onde passa o ProSavana. Disse que não haverá agro-negócio sem que os camponeses estejam envolvidos.
“Desconhecemos o processo em curso. Os camponeses vão sair a ganhar. Os dirigentes devem informar aos camponeses o que vão ganhar ou perder. Haverá reassentamento? Como é que serão feitos?”, questionou.
Fátima Mello disse conhecer os males desta política. “No Brasil conhecemos os males deste programa. Este modelo fracassou no Brasil”, disse.
Canal Moz