Sociedade Criminalidade Artista plástico linchado por ‘vigilantes’ na Matola

Artista plástico linchado por ‘vigilantes’ na Matola

O artista plástico Alexandria Ferreira foi assassinado na madrugada de domingo, num linchamento popular quando fazia patrulha num bairro da Matola, onde se verificam vários assaltos, confirmou uma fonte da polícia.

Já em declarações à agência Lusa, Nelson Ferreira, amigo de Alexandria Ferreira, revelou que o escultor foi morto por populares que invadiram uma esquadra na zona do Rio Matola, onde o artista e outras três pessoas estavam albergados, para protecção policial, depois de terem sido confundidos com elementos da suposta quadrilha G-20, que está a criar pânico naquele município.

Alexandria Ferreira era considerado um dos melhores artistas plásticos contemporâneos em Moçambique, com prémios amealhados a nível internacional.

Nos últimos dias, a eventual ocorrência de casos de violações sexuais e uso de ferro quente de passar a roupa para “engomar” as vítimas, na Matola, levou a que, em alguns bairros daquele município, as populações iniciassem um patrulhamento nocturno, por considerarem que a polícia não tem dado resposta adequada.

“Ele fazia parte de um grupo de patrulha, que foi pedir ajuda à esquadra, mas quando regressava foi interpelado por um outro grupo que os confundiu com o G-20”, grupo que os populares acreditam ser protagonista dos crimes que estão a ocorrer na Matola, disse Nelson Ferreira.

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O porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) na província de Maputo, João Machava, afirmou que um dos elementos do quarteto – três dos quais contraíram ferimentos graves – “trazia uma peça de automóvel, que os populares confundiram com um ferro de engomar”.

De acordo com o jornal Notícias de Maputo, pelo menos seis pessoas morreram nos últimos dias, “por causa das patrulhas desorientadas dos residentes da periferia de Matola e Boane”, na província de Maputo.

Na sexta-feira, o ministro moçambicano do Interior, Alberto Mondlane, disse que “o grupo G20 não existe” e que “indivíduos de má-fé inventaram” a existência de um gangue organizado, até porque, assinalou, a polícia registou somente um caso de uma vítima atacada por elementos que usaram ferro quente de passar a roupa no seu corpo no bairro São Dâmaso, na Matola.

Alberto Mondlane considerou o referido caso registado no São Dâmaso como uma “situação isolada”, rejeitando a existência de outras situações semelhantes.